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    Ciência e Cultura

    On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.67 no.2 São Paulo Apr./June 2015

    http://dx.doi.org/10.21800/2317-66602015000200008 

    NOTÍCIAS DO MUNDO
    MUSEU DE CIÊNCIA

     

    Museu de Londres eleva o debate sobre ciência contemporânea e é campeão de público

     

     

    Germana Barata

     

     

    Um museu de ciência gratuito que traz atrações interativas com o público, expõe questões éticas, falhas, inovações, a dimensão histórica, a ciência ainda em construção, bem como questões que estão nos noticiários. Estes fatores talvez justifiquem o sucesso do Museu de Ciências de Londres que, apenas em 2014, recebeu 3,34 milhões de visitantes, fato que o coloca entre as atrações mais populares da capital inglesa e como o segundo museu de ciências mais visitado no mundo.

    Seu modelo de gestão garantiu em 2014 um orçamento de, impressionantes, 78,9 milhões de libras (cerca de R$394,5 milhões) para o Science Museum Group, que administra cinco museus ingleses (Museum of Science and Industry, National Railway Museum, NRM Shildon e National Media Museum). "Nós não ensinamos nosso público sobre ciência. Ele quer aprender, mas de vo", afirma Ian Blatchford, diretor da instituição, que nos últimos anos quer atrair mais adultos. "É importante elevar o nível do conhecimento científico para o público", defende.

    O museu investe fortemente em um corpo de especialistas e em pesquisa, para desenvolver novas estratégias nas exposições, voltadas para diferentes públicos, e fomentar pesquisas em outros locais. A instituição planeja inaugurar um novo centro de pesquisas no segundo semestre deste ano.

    CIÊNCIA CONTEMPORÂNEA É impressionante encontrar, ao longo de seus cinco andares de salas, não apenas a ciência produzida nos laboratórios, mas aquela que está nos noticiários. Exemplo disso é a seção "Science Now" na qual é possível ver o kit que, movido à energia solar, consegue diagnosticar o ebola em apenas 15 minutos. Diante de um computador o visitante pode tirar dúvidas com o infectologista Ahmed Abd El Wahed, do German Primate Center, que manipula o kit, ou mesmo acessar as perguntas mais frequentes sobre a doença.

     

     

    Na seção "Can your food control you", além da combinação entre arte e ciência ou do relato de pacientes reais sobre a privação na dieta alimentar - o que humaniza e aproxima o visitante dos debates propostos - há um convite para participar de umexperimento da Universida-Germana Baratade de Reading no qual serão investigados os efeitos do consumo de diferentes pães na flora intestinal em pessoas com 18 a 55 anos.

    A ética e os mitos da ciência são descortinados na seção "Who am I?", na qual é possível entender mecanismos da nossa memória, as origens dos sobrenomes, o sequenciamento do DNA, o reconhecimento visual de padrões e temas de saúde pública. O visitante vai se deparar com questões delicadas como o preconceito com pacientes HIV positivo e as verdades e os mitos em relação aos modos de contrair o vírus.

    Outra característica que salta aos olhos é o destaque às contribuições de instituições de ensino e pesquisa, sempre referenciadas nas vitrines ao longo do museu. As universidades de Manchester, Oxford, Cambridge e Birmigham são algumas das envolvidas em resultados, invenções e produtos que contribuem para o avanço da ciência e tecnologia. Promove-se, assim, um senso de orgulho e credibilidade nas instituições, ao mesmo tempo em que visitante tem a chance de perceber que os resultados obtidos são fruto de intensa pesquisa, trabalho coletivo e dedicação, e não apenas de um momento de genialidade individual.

    À parte das exposições e acervos, o museu ainda dispõe de uma loja que encanta pela variedade e criatividade dos produtos com motivos científicos. Sem dúvida uma estratégia de marketing que gera renda, mas que contribui para tornar a ciência algo desejável, envolvente e divertido. A logomarca do museu em inúmeros itens pode ser ainda adquirida em lojas espalhadas por Londres.

     

     

    Em 2014, 51% dos 3,3 milhões de visitantes estiveram em família, 13% eram estudantes, 36% adultos e 42% estrangeiros, dados que deixariam qualquer museu brasileiro com inveja. No Brasil, no mesmo ano, os dez museus mais visitados somaram 3,2 milhões de pessoas, sendo que o Catavento, museu de ciências inaugurado em 2009, se destaca em segundo lugar. Para o presidente da Associação Brasileira de Museus e Centros de Ciência (ABCMC), Carlos Wagner Costa Araújo, o paístem competência para fazer boas exposições, mas "é um desafio fazer novas mostras, principalmente porque a burocracia estatal atrapalha", uma vez que a maior parte do financiamento é público. O resultado é que, muitas vezes, o acervo e as exposições não trazem novidades para os visitantes, o que acaba inibindo novas visitas.

    Fundado em 1857, o Museu de Ciências de Londres deve, em 2016, inaugurar duas galerias novas destinadas à medicina e matemática.