www.scielo.org101/applications/scielo-org/sso/loginScielo.php/applications/scielo-org/sso/logoutScielo.php011011001/cgi-bin/mimetex.cgihttp://scielo-log.bireme.br/scielolog/ofigraph20.php?app=scielohttp://scielo-log.bireme.br/scielolog/ofigraph21.php?app=scielo00UA-604844-1http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252014000300017&script=sci%5C_arttextofflineaHR0cDovL2NpZW5jaWFlY3VsdHVyYS5idnMuYnIvc2NpZWxvLnBocD9waWQ9UzAwMDktNjcyNTIwMTQwMDAzMDAwMTcmc2NyaXB0PXNjaSU1Q19hcnR0ZXh0 20250927 175122 6 269 en iso sci_arttext S0009-67252014000300017 scielocec SciELO Brazil 0 0 no http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0009-6725&lng=pt&nrm=iso cienciaecultura.bvs.br /cgi-bin/wxis.exe /cgi-bin/ / ScieloXML/ /revistas/ /var/www/cienciaecultura_bvs_br/htdocs/xsl/ /img/ /img/revistas/ /iah/ iah/ /var/www/cienciaecultura_bvs_br/htdocs/ Isis_Key (v4901): SM=0009-672520140002-025 Isis_Key (v4900): SM=0009-672520140003-00017 SM=0009-672520140003- 0009-672520140002-025 Isis_Key (v7085): Ciência e Cultura Cienc. Cult. Ce cic BIOLOGICAL SCIENCES HUMAN SCIENCES 0009-6725 0009-6725 2317-6660 Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência Rua Maria Antonia 294 - 4 andar Vila Buarque, São Paulo, SP CEP 01222-010 Telefone: (11) 3355-2130 cienciaecultura@sbpcnet.org.br Núcleo Temático: Amazônia Sem Fronteiras Cienc. Cult. vol.66 no.3 São Paulo Sept. 2014 pt Radicais livres: em busca do equilíbrio Felipe Martelli FELIPE MARTELLI Francis Morais Franco Nunes FRANCIS MORAIS FRANCO NUNES V:\SciELOdiv\serial\cic\v66n3\markup\v66n3a17.html <p align="right"><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif"><b>A&amp;E</b></font></p> <p>&nbsp;</p> <p><font size="4" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif"><b>Radicais livres: em busca do equil&iacute;brio</b></font></p> <p>&nbsp;</p> <p>&nbsp;</p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif"><b>Felipe Martelli; Francis Morais Franco Nunes</b></font></p> <p>&nbsp;</p> <p>&nbsp;</p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">Radicais livres! Estresse oxidativo! Esses temas s&atilde;o comumente abordados de forma pejorativa, associados ao envelhecimento e doen&ccedil;as. No entanto, os radicais livres e demais esp&eacute;cies reativas s&atilde;o fundamentais para a homeostase celular e o funcionamento adequado dos organismos vivos. Neste artigo, revisamos os malef&iacute;cios e benef&iacute;cios desses compostos.</font></p> <p>&nbsp;</p> <p><font size="3" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif"><b>QUEM S&Atilde;O AS ESP&Eacute;CIES REATIVAS E OS RADICAIS LIVRES?</b></font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">As esp&eacute;cies reativas s&atilde;o &aacute;tomos, mol&eacute;culas, ou &iacute;ons derivados do oxig&ecirc;nio, que em sua grande maioria possuem alta reatividade e constituem tr&ecirc;s classes de compostos: esp&eacute;cies reativas de oxig&ecirc;nio (EROs), esp&eacute;cies reativas de enxofre (EREs) e esp&eacute;cies reativas de nitrog&ecirc;nio (ERNs). As esp&eacute;cies reativas podem ainda ser didaticamente divididas em dois grupos: os radicais livres e os compostos n&atilde;o radicalares (1;2).</font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">Os radicais livres s&atilde;o &aacute;tomos ou mol&eacute;culas que possuem pelo menos um el&eacute;tron desemparelhado em seus orbitais externos. Isso permite a transfer&ecirc;ncia de el&eacute;trons com mol&eacute;culas vizinhas. Alguns exemplos s&atilde;o: OH<sup>•</sup> (&iacute;on hidroxila), HOH<sup>•</sup> (&iacute;on peroxil), O<sub>2</sub><sup>-•</sup> (&acirc;nion super&oacute;xido), NO (&oacute;xido n&iacute;trico) e O<sub>2 </sub>(oxig&ecirc;nio molecular). Os radicais livres podem agir como aceptores ou doadores de el&eacute;trons, criando altera&ccedil;&otilde;es no ambiente molecular ao seu redor. Os compostos n&atilde;o radicalares, como H<sub>2</sub>O<sub>2</sub> (per&oacute;xido de hidrog&ecirc;nio) e HOCl (&aacute;cido hipocloroso), n&atilde;o possuem el&eacute;trons livres, sendo portanto menos inst&aacute;veis que os radicais livres, mas tamb&eacute;m podem reagir com mol&eacute;culas na sua redondeza (1;2).</font></p> <p>&nbsp;</p> <p><font size="3" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif"><b>ALGUMAS FONTES DE ESP&Eacute;CIES REATIVAS E RADICAIS LIVRES</b></font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">Os radicais livres s&atilde;o naturalmente produzidos pelo metabolismo dos seres vivos. As mitoc&ocirc;ndrias s&atilde;o a maior fonte end&oacute;gena de produ&ccedil;&atilde;o de radicais livres nos eucariotos (3). O &acirc;nion super&oacute;xido (O<sub>2</sub><sup>-•</sup>) &eacute; o mais comumente gerado, a partir de el&eacute;trons que escapam da cadeia transportadora das mitoc&ocirc;ndrias e reduzem o O<sub>2</sub> presente nas c&eacute;lulas. Outra fonte de radicais livres no organismo s&atilde;o c&eacute;lulas do sistema imunol&oacute;gico, produtoras de enzimas NADPH Oxidase (Nox) que produzem uma grande quantidade de O<sub>2</sub><sup>-• </sup>capaz de matar microrganismos invasores (1; 4). C&eacute;lulas nervosas, epiteliais, endoteliais e macr&oacute;fagos produzem a enzima &oacute;xido n&iacute;trico sintetase, respons&aacute;vel pela produ&ccedil;&atilde;o de NO (4; 5).</font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">Fontes externas, como a radia&ccedil;&atilde;o UV (6), tabagismo, poluentes, drogas, dietas excessivamente cal&oacute;ricas, excesso de exerc&iacute;cios f&iacute;sicos, pesticidas e solventes industriais, tamb&eacute;m podem induzir a forma&ccedil;&atilde;o de radicais livres (2).</font></p> <p>&nbsp;</p> <p><font size="3" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif"><b>A TEORIA DO ENVELHECIMENTO E O PARADOXO DOS RADICAIS LIVRES</b></font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">Em 1956, o gerontologista norte-americano, doutor Denham Harman, prop&ocirc;s a Teoria do Envelhecimento via Radicais Livres, cujas ideias foram aperfei&ccedil;oadas, em 1972, na Teoria do Envelhecimento dos Radicais Livres Mitocondriais (MFRTA). A teoria prop&otilde;e que o envelhecimento seja causado devido &agrave; toxicidade gerada pelos radicais livres em decorr&ecirc;ncia de um ciclo vicioso no qual mais danos aos constituintes mitocondriais culminam na produ&ccedil;&atilde;o de mais radicais. Essa teoria &eacute; considerada uma das mais robustas para explicar o processo do envelhecimento (3; 7). Ao longo das d&eacute;cadas seguintes, muitos dados foram corroborando a teoria de Harman, observando-se forte correla&ccedil;&atilde;o positiva entre: 1 - envelhecimento e o aumento do dano oxidativo; 2 - perda das fun&ccedil;&otilde;es mitocondriais com o envelhecimento; 3 - elevado dano oxidativo em muitas doen&ccedil;as associadas &agrave; idade; 4 - produ&ccedil;&atilde;o cont&iacute;nua de radicais livres pelas mitoc&ocirc;ndrias ao longo da vida; 5 - redu&ccedil;&atilde;o do estresse oxidativo em tratamentos que aumentam a longevidade, como restri&ccedil;&otilde;es cal&oacute;ricas (3; 7).</font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">Com os recentes refinamentos das t&eacute;cnicas laboratoriais, emergiram dados, de invertebrados a humanos, incompat&iacute;veis com a MFRTA, por exemplo: 1) falta de compatibilidade entre os n&iacute;veis de produ&ccedil;&atilde;o de radicais livres e a longevidade; 2) efeitos delet&eacute;rios ao inv&eacute;s de ben&eacute;ficos quando antioxidantes foram administrados; 3) a inativa&ccedil;&atilde;o ou superexpress&atilde;o de enzimas antioxidantes em mutantes n&atilde;o diminu&iacute;ram ou aumentaram, respectivamente, a longevidade; 4) organismos mutantes muito longevos, apresentavam elevados n&iacute;veis de dano oxidativo (3; 8; 9).</font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">Muta&ccedil;&otilde;es que inativam o gene codificador da enzima antioxidante super&oacute;xido dismutase 2 (Sod2) do nemat&oacute;ide Caenorhabditis elegans, embora aumentem o dano oxidativo, tamb&eacute;m promovem um aumento consider&aacute;vel da longevidade (10). Camundongos mutantes que possuem um &uacute;nico alelo funcional do gene Sod2, apresentam aumento no dano oxidativo e forma&ccedil;&atilde;o de c&acirc;ncer, contudo, a mesma longevidade de camundongos com os dois alelos funcionais (11). Em outra pesquisa, camundongos duplo-mutantes para os genes Sod2 e Gpx1, que codifica outra enzima antioxidante conhecida por glutationa peroxidase, embora tivessem uma severa defici&ecirc;ncia do sistema antioxidante, n&atilde;o apresentaram encurtamento da longevidade (12). At&eacute; mesmo os aspectos do ciclo vicioso da MFRTA foram recentemente refutados (13). O genoma mitocondrial fica em contato direto com a maior fonte celular de radicais livres, que &eacute; a cadeia respirat&oacute;ria mitocondrial. O genoma nuclear, por sua vez, fica protegido pela carioteca, portanto, menos exposto aos radicais livres. no entanto, demonstrou-se em roedores que os n&iacute;veis de dano oxidativo no DNA mitocondrial n&atilde;o s&atilde;o maiores que os observados no DNA gen&ocirc;mico, talvez por haver uma melhor efici&ecirc;ncia de enzimas de reparo de DNA sobre o genoma das mitoc&ocirc;ndrias do que do genoma nuclear (13).</font></p> <p>&nbsp;</p> <p><font size="3" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif"><b>O VERDADEIRO VIL&Atilde;O</b></font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">Em condi&ccedil;&otilde;es celulares normais, h&aacute; um equil&iacute;brio entre a produ&ccedil;&atilde;o de radicais livres e sua neutraliza&ccedil;&atilde;o pelos sistemas antioxidantes. No entanto, quando tal equil&iacute;brio tende para uma produ&ccedil;&atilde;o excessiva desses compostos ou para uma defici&ecirc;ncia dos sistemas antioxidantes, surge a condi&ccedil;&atilde;o de estresse oxidativo, a qual &eacute; prejudicial aos componentes celulares e indiv&iacute;duos como um todo (2). O estresse oxidativo causa uma gama de les&otilde;es aos constituintes celulares como: a peroxida&ccedil;&atilde;o dos lip&iacute;deos de membrana; oxida&ccedil;&atilde;o de receptores hormonais e enzimas (1; 14); e les&otilde;es no material gen&eacute;tico, como oxida&ccedil;&otilde;es de bases do DNA que podem culminar em processos mutag&ecirc;nicos e tumorais (15).</font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">Em pacientes com c&acirc;ncer, o estresse oxidativo altera a express&atilde;o de genes que inibem a progress&atilde;o do ciclo celular (chamados genes supressores tumorais), aumentando a prolifera&ccedil;&atilde;o das c&eacute;lulas cancerosas (16). Em diab&eacute;ticos, a hiperglicemia por per&iacute;odos prolongados pode promover um desbalan&ccedil;o metab&oacute;lico, resultando em atividade mitocondrial irregular e produ&ccedil;&atilde;o excessiva de radicais livres, o que pode gerar as complica&ccedil;&otilde;es inflamat&oacute;rias ligadas &agrave; doen&ccedil;a (17). O estresse oxidativo &eacute; tamb&eacute;m uma das &uacute;nicas caracter&iacute;sticas comuns a todas as doen&ccedil;as cardiovasculares, por exemplo, causando oxida&ccedil;&atilde;o de lip&iacute;deos e prote&iacute;nas e forma&ccedil;&atilde;o de arteriosclerose (18). O estresse oxidativo est&aacute; associado ao c&acirc;ncer de pele e &agrave; doen&ccedil;as inflamat&oacute;rias, por aumentar a taxa de muta&ccedil;&atilde;o no material gen&eacute;tico ou a susceptibilidade a agentes mutag&ecirc;nicos (19).</font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">Causam ainda infertilidade masculina (devido ao excesso de radicais hidroxila e per&oacute;xido de hidrog&ecirc;nio no l&iacute;quido seminal) e feminina (como endometriose e s&iacute;ndrome de ov&aacute;rio polic&iacute;stico), pois o processo de crescimento e amadurecimento de &oacute;vulos &eacute; dependente da sinaliza&ccedil;&atilde;o por esp&eacute;cies reativas e a&ccedil;&atilde;o de antioxidantes (20; 21). O estresse oxidativo est&aacute; associado ao desenvolvimento de doen&ccedil;as neurodegenerativas (19). O c&eacute;rebro &eacute; o &oacute;rg&atilde;o com maior consumo metab&oacute;lico do corpo, sobretudo de glicose e oxig&ecirc;nio, ficando frequentemente exposto a um excesso de radicais livres que podem desencadear o in&iacute;cio do dano neuronal (22). O c&eacute;rebro de mam&iacute;feros &eacute; especialmente sens&iacute;vel ao estresse oxidativo por apresentar uma baixa defesa antioxidante se comparada a outros tecidos do corpo (19).</font></p> <p>&nbsp;</p> <p><font size="3" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif"><b>O QUE SE SABE SOBRE O PAPEL DOS RADICAIS LIVRES HOJE?</b></font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">Em fun&ccedil;&atilde;o das a&ccedil;&otilde;es prejudiciais causadas pelo estresse oxidativo que comprometem as diversas atividades celulares, radicais livres e esp&eacute;cies reativas, de forma geral, t&ecirc;m carregado o &ocirc;nus de desempenhar pap&eacute;is danosos. Contudo, uma s&eacute;rie de estudos tem revelado que a forma&ccedil;&atilde;o cont&iacute;nua de radicais livres &eacute; fundamental para o funcionamento fisiol&oacute;gico e celular adequado, produ&ccedil;&atilde;o de energia e metabolismo bem regulado (23).</font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">O maior exemplo disso &eacute; o pr&oacute;prio oxig&ecirc;nio atmosf&eacute;rico que, por apresentar um el&eacute;tron desemparelhado e ser t&oacute;xico em excesso, &eacute; um radical livre. essencial para a vida. Excetuando-se alguns organismos anaer&oacute;bicos, todas as formas de vida do planeta utilizam o O<sub>2</sub> para sobreviver, sem o qual seria imposs&iacute;vel produzir energia para a atividade celular (1).</font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">A chave para se entender a dualidade da quest&atilde;o que envolve os radicais livres reside na compreens&atilde;o de que tudo &eacute; uma quest&atilde;o de dosagem. Na condi&ccedil;&atilde;o de equil&iacute;brio entre produ&ccedil;&atilde;o de radicais livres e atua&ccedil;&atilde;o da defesa antioxidante, esses compostos regulam o funcionamento fisiol&oacute;gico. Os radicais controlam a for&ccedil;a e dura&ccedil;&atilde;o da sinaliza&ccedil;&atilde;o celular, por meio de processos c&iacute;clicos de oxida&ccedil;&atilde;o/ redu&ccedil;&atilde;o em prote&iacute;nas-chave como cinases, fosfatases e fatores de transcri&ccedil;&atilde;o. A gera&ccedil;&atilde;o de esp&eacute;cies reativas dentro de certos limites &eacute; fundamental para manter a homeostase celular, tendo um papel como mensageiros em vias de sinaliza&ccedil;&atilde;o de insulina, horm&ocirc;nio de crescimento, citocinas, entre outras vias, como as vias que regulam a atividade das enzimas antioxidantes e at&eacute; mesmo controlar a express&atilde;o de alguns grupos de genes, como genes envolvidos no metabolismo mitocondrial (3; 4; 9; 13). Existem at&eacute; mesmo genes respons&aacute;veis pelo sensoriamento do status oxidativo celular, como o gene Nrf2 presente em mam&iacute;feros. Em condi&ccedil;&otilde;es em que a concentra&ccedil;&atilde;o de radicais livres est&aacute; dentro de limites saud&aacute;veis, a prote&iacute;na produzida por esse gene ativa outros genes envolvidos na defesa antioxidante e na manuten&ccedil;&atilde;o do ciclo celular (24). Quando a concentra&ccedil;&atilde;o de radicais supera os limites saud&aacute;veis e se estabelece a condi&ccedil;&atilde;o de estresse, a prote&iacute;na Nrf2 ativa genes que promovem a morte celular (25).</font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">As fam&iacute;lias de prote&iacute;nas Nox (NADPH oxidase) e Duox (Dual peroxidase) s&atilde;o importantes fontes produtoras de super&oacute;xido e per&oacute;xido de hidrog&ecirc;nio na c&eacute;lula, por meio de sua capacidade de doa&ccedil;&atilde;o de el&eacute;trons ao oxig&ecirc;nio. As esp&eacute;cies produzidas por essas fam&iacute;lias de enzimas desempenham fun&ccedil;&otilde;es na remodelagem do citoesqueleto, transdu&ccedil;&atilde;o de sinais, express&atilde;o g&ecirc;nica, diferencia&ccedil;&atilde;o celular, prolifera&ccedil;&atilde;o, migra&ccedil;&atilde;o e apoptose, cumprindo pap&eacute;is na fisiologia cerebral, nos sistemas imune, vascular e digestivo e produ&ccedil;&atilde;o de horm&ocirc;nios (4; 26). O &oacute;xido n&iacute;trico &eacute; um radical livre envolvido em processos fisiol&oacute;gicos como: neurotransmiss&atilde;o, vasodilata&ccedil;&atilde;o e citotoxicidade (4; 5).</font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">A produ&ccedil;&atilde;o de radicais livres em pr&aacute;ticas esportivas moderadas atua em vias de sinaliza&ccedil;&atilde;o de processos inflamat&oacute;rios como NF-, melhorando a resposta antioxidante na musculatura estriada esquel&eacute;tica e tendo efeitos ben&eacute;ficos sobre patologias como a osteoporose (27).</font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">A aus&ecirc;ncia de radicais livres pode, em certo ponto, at&eacute; mesmo ser danosa. Como dito anteriormente, as enzimas NA-DPH oxidase presentes em c&eacute;lulas do sistema imunol&oacute;gico s&atilde;o produtoras de super&oacute;xido (O<sub>2</sub><sup>-•</sup>). Defici&ecirc;ncias nessas enzimas que resultem em uma baixa produ&ccedil;&atilde;o deste radical livre podem desencadear o surgimento de doen&ccedil;as granulomatosas. Nesses casos, os pacientes tornam-se alvos frequentes de infec&ccedil;&otilde;es, uma vez que esse radical livre &eacute; fundamental para matar microrganismos invasores (1).</font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">Muitas pesquisas v&ecirc;m, ainda, apontando o papel ben&eacute;fico das esp&eacute;cies reativas em v&aacute;rios aspectos relacionados &agrave; longevidade e ao envelhecimento. Sabe-se que as esp&eacute;cies reativas podem induzir a autofagia em c&eacute;lulas lesionadas e tamb&eacute;m ativar o sistema de reparo do material gen&eacute;tico quando este &eacute; danificado (28). Muta&ccedil;&otilde;es em componentes da cadeia fosforilativa nas mitoc&ocirc;ndrias, ou o uso de pr&oacute;-oxidantes (compostos que induzem estresse oxidativo, como metais de transi&ccedil;&atilde;o a exemplo do ferro), que resultam no aumento do radical super&oacute;xido, promovem o aumento da longevidade no nemat&oacute;ide C.elegans e leveduras, e esse efeito &eacute; abolido pela administra&ccedil;&atilde;o de vitamina C (um antioxidante) (3).</font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">De forma geral, muitos dados recentes v&ecirc;m mostrando que tanto a gera&ccedil;&atilde;o de radicais livres em n&iacute;veis adequados quanto a consequente indu&ccedil;&atilde;o do sistema antioxidante contribuem com a longevidade (8).</font></p> <p>&nbsp;</p> <p><font size="3" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif"><b>CONSIDERA&Ccedil;&Otilde;ES FINAIS E MUDAN&Ccedil;A DE PARADIGMA</b></font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">Hoje &eacute; amplamente aceito que o envelhecimento est&aacute; relacionado &agrave; perda da homeostase devido ao ac&uacute;mulo de dano em mol&eacute;culas como lip&iacute;deos, DNA e prote&iacute;nas (3; 9). &Eacute; muito prov&aacute;vel que os radicais livres estejam sim correlacionadas ao envelhecimento, mas n&atilde;o da forma que se acreditava at&eacute; alguns anos atr&aacute;s. A gera&ccedil;&atilde;o de radicais livres, e de esp&eacute;cies reativas no geral, provavelmente represente um sinal de estresse do organismo em resposta ao dano dependente da idade, uma vez que sua produ&ccedil;&atilde;o aumenta continuamente com o envelhecimento, at&eacute; que sua a&ccedil;&atilde;o deixe de ser ben&eacute;fica tornando-se danosa (1; 3).</font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">A vis&atilde;o de que os radicais livres s&atilde;o apenas agentes t&oacute;xicos que trazem malef&iacute;cios a sa&uacute;de &eacute; uma vis&atilde;o limitada que denota apenas um recorte da enorme diversidade de a&ccedil;&otilde;es desempenhadas por esses compostos nos seres vivos. A ci&ecirc;ncia ainda est&aacute; longe de compreender todos os processos fisiol&oacute;gicos e bioqu&iacute;micos relacionados ao envelhecimento. Contudo, j&aacute; se faz necess&aacute;rio aprofundar o debate e reconciliar os resultados contradit&oacute;rios sobre os radicais livres rumo a uma "Teoria Neo-Harmanista", que abranja todos os fen&ocirc;menos relacionados &agrave; dualidade desses compostos, olhando para os processos de forma hol&iacute;stica e entendendo-se que o papel dessas esp&eacute;cies depende completamente do ambiente em que se encontram.</b></font></p> <p>&nbsp;</p> <p><font size="3" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif"><b>REFER&Ecirc;NCIAS BIBLIOGR&Aacute;FICAS</b></font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">1. Magder, S. "Reactive oxygen species: toxic molecules or spark of life?" <i>Critical Care</i>, 10, 208. 2006. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">2. Carocho, M.; Ferreira, I. C. F. R. "A review on antioxidants, prooxidants and related controversy: Natural and synthetic compounds, screening and analysis methodologies and future perspectives". <i>Food and Chemical Toxicology</i>, 51, 15. 2013. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">3. Hekimi, J. L.; Lapointe, J.; Yang, W. "Taking a 'good' look at free radicals in the aging process". <i>Trends in Cell Biology</i>, 21, 569. 2011. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">4. Lambeth, J. D.; Neish, A. S. "Regulation of Nox and Duox enzymatic activity and expression". <i>Annual Review of Pathology: Mechanisms of Disease</i>, 9, 119. 2014. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">5. Moncada, S.; Higgs, E. A. "The discovery of nitric oxide and its role in vascular biology." <i>British Journal of Pharmacology</i>, 147, 193. 2006. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">6. Herrling, T.; Jung, K.; Fuchs, J. "Measurements of UV-generated free radicals/ reactive oxygen species (ROS) in skin". <i>Spectrochimica Acta Part A</i>, 63, 840. 2006. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">7. Del Valle, L. G. "Oxidative stress in aging: theoretical outcomes and clinical evidences in humans". <i>Biomedicine &amp; Aging Pathology</i>, 1, 1. 2011. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">8. Ristow, M.; Schmeisser, S. "Extending life span by increasing oxidative stress". <i>Free Radical Biology &amp; Medicine</i>, 51, 327. 2011. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">9. Sohal, R. S.; Orr, W. C. "The redox stress hypothesis of aging". <i>Free Radical Biology &amp; Medicine</i>, 52, 539. 2012. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">10. Van Raamsdonk, J. M.; Hekimi, S. "Deletion of the mitochondrial superoxide dismutase sod-2 extends lifespan in <i>Caenorhabditis elegans</i>". <i>PLoS Genetics</i>, 5, 1. 2009. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">11. Van Remmen, H.; et al. "Life-long reduction in MnSOD activity results in increased DNA damage and higher incidence of cancer but does not accelerate aging". <i>Physiological Genomics</i>, 16, 29. 2003. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">12. Zhang, Y.; Iet al. "Mice deficient in both Mn superoxide dismutase and glutathione peroxidase-1 have increased oxidative damage and a greater incidence of pathology but no reduction in longevity". <i>The Journals of Gerontology</i>, 64, 1212. 2009. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">13. Lim, K. S.; Jeyaseelan, K.; Whiteman, M.; Jenner, A.; Halliwell, B. "Oxidative damage in mitochondrial DNA is not extensive". <i>Annals of the New York Academy of Sciences</i>, 1042, 210. 2005. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">14. Leonarduzzi, G.; Sottero, B.; Poli, G. "Targeting tissue oxidative damage by means of cell signaling modulators: the antioxidant concept revisited". <i>Pharmacology &amp; Therapeutics</i>, 128, 336. 2010. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">15. Svilar, D.; Goellner, E. M.; Almeida, K. H.; Sobol, R. W. "Base excision repair and lesion-dependent subpathways for repair of oxidative DNA damage". <i>Antioxidants &amp; Redox Signaling</i>, 14, 2491. 2010. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">16. Afanas'ev, I. "New nucleophilic mechanisms of ros-dependent epigenetic modifications: comparison of aging and cancer". <i>Aging and Disease</i>, 5, 52. 2014. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">17. Blake, R.; Trounce, I. A. Mitochondrial dysfunction and complications associated with diabetes. Biochimica et Biophysica Acta, 1840, 1404. 2014. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">18. Ho, E.; Galougahi, K. K.; Liu, C. C.; Bhindi, R.; Figtree, G. A. "Biological markers of oxidative stress: applications to cardiovascular research and practice". <i>Redox Biology</i>, 1, 483. 2013. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">19. Saeidnia, S.; Abdollahi, M. "Toxicological and pharmacological concerns on oxidative stress and related diseases". <i>Toxicology and Applied Pharmacology</i>, 273, 442. 2013. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">20. Agarwal, A.; et al. "The effects of oxidative stress on female reproduction: a review". <i>Reproductive Biology and Endocrinology</i>, 10, 1. 2012. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">21. Agarwal, A. "Role of oxidative stress in male infertility and antioxidant supplementation". <i>Business Briefing: US Kidney &amp; Urological Disease, Infertility, </i>122. 2005. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">22. Yepes, J. N.; et al. "Antioxidant gene therapy against neuronal cell death". <i>Pharmacology &amp; Therapeutics</i>, 142, 206. 2014. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">23. Rahal, A.; et al. "Oxidative stress, prooxidants, and antioxidants: the interplay". <i>BioMed Research International</i>, 2014, 1. 2014. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">24. Maher, J.; Yamamoto, M. "The rise of antioxidant signaling - The evolution and hormetic actions of Nrf2". <i>Toxicology and Applied Pharmacology</i>, 244, 4. 2010. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">25. Zucker, S. N.; et al. "Nrf2 amplifies oxidative stress via induction of Klf9". <i>Molecular Cell</i>, 53, 916. 2014. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">26. Brown, D. I.; Griendling, K. K. "Nox proteins in signal transduction". <i>Free Radical Biology &amp; Medicine</i>, 47, 1239. 2009. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">27. Filaire, E.; Toumi, H. "Reactive oxygen species and exercise on bone metabolism: Friend or enemy?" <i>Joint Bone Spine</i>, 79, 341. 2012. </font></p> <!-- ref --><p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif">28. Scherz-Shouval, R.; Elazar, Z. "Regulation of autophagy by ROS: Physiology e pathology". <i>Trends in Biochemical Sciences</i>, 36, 38. 2011. </font></p> <p>&nbsp;</p> <p>&nbsp;</p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif"><b>Felipe Martelli</b></b> &eacute; bi&oacute;logo formado pela Universidade de S&atilde;o Paulo (USP) e atualmente &eacute; mestrando do Programa de P&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o em Gen&eacute;tica da Faculdade de Medicina de Ribeir&atilde;o Preto (USP). Investiga os efeitos da nutri&ccedil;&atilde;o sobre a longevidade e estresse oxidativo no modelo Apis mellifera. Email: <a href="mailto:felipemartelli@usp.br">felipemartelli@usp.br</a></font></p> <p><font size="2" face="Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif"><b>Francis Morais Franco Nunes</b>&eacute; bi&oacute;logo, mestre e doutor em gen&eacute;tica e professor adjunto do Departamento de Gen&eacute;tica e Evolu&ccedil;&atilde;o da Universidade Federal de S&atilde;o Carlos (UFSCar). Investiga intera&ccedil;&otilde;es entre fatores gen&eacute;ticos e ambientais que governam a manifesta&ccedil;&atilde;o de fen&oacute;tipos complexos. Email: <a href="mailto:francis.nunes@ufscar.br">francis.nunes@ufscar.br</a></font></p>