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    Ciência e Cultura

    versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.54 n.1 São Paulo jun./sep. 2002

     

     

    PESQUISA

    Fapesp: indicadores de C&T em São Paulo

     

    O Estado de São Paulo concentra mais conhecimento que recursos econômicos, apresenta defasagem entre a produção tecnológica em relação à científica e apresenta grandes avanços nas áreas agrícola, de saúde e aeronáutica em virtude dos investimentos públicos direcionado para estes setores. Estas são as três principais conclusões que podem ser extraídas do livro Indicadores de ciência, tecnologia e inovação – 2001, lançado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) em maio.

    O livro reúne informações coletadas por 40 pesquisadores em 250 páginas com tabelas e gráficos incluindo análises qualitativas sobre os dados, o que o difere de outras publicações do gênero. Mostra que a maior parte dos investimentos em P&D no País – 65% - ainda é feita pelo governo. Outra conclusão é que São Paulo concentra a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico do País. A produção científica do Estado ultrapassou os 50% em 2001, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado representou 35% do PIB nacional. O segundo colocado em relação à produção científica é o Rio de Janeiro, com 14,8% do total nacional.

    A pesquisa foi coordenada por Francisco Romeu Landi, diretor presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fapesp e por Ruy Quadros de Carvalho e Sandra Negraes Brisolla, ambos professores do Departamento de Política Científica e Tecnológica, do Instituto de Geociências, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Pesquisadores da Unicamp, Universidade de São Paulo, Universidade Estadual Paulista (Unesp) e PUC de São Paulo estiveram envolvidos na pesquisa por aproximadamente um ano para coletar e analisar todos os dados.

    O Estado de São Paulo é o que apresenta os melhores índices também no ensino: 97% da população entre 7 e 14 anos está na escola e, em 1998, 32% da população entre 18 e 24 anos estava matriculada em escolas superiores. Na pós-graduação o Estado titulou 32% dos mestres e 66% dos doutores no mesmo período.

    Mesmo assim, a defasagem entre produção científica e produção tecnológica no Estado ainda é grande. Apesar de São Paulo ser responsável pela metade das patentes registradas no País, com forte concentração nos setores eletrônico e farmacêutico, o número de patentes registradas em 1997, foi de aproximadamente 4 por mil habitantes. O trabalho da Fapesp aponta que 85% dessas patentes foram concedidas para multinacionais, e 15% para pessoas físicas, o que prova que empresas nacionais investem pouco em inovação tecnológica.

    Segundo Ruy Quadros, “isso se deve a um conjunto de fatores de ordem macroeconômica, como investimentos de alto risco, altas taxas de juros e também por questões estruturais. Mesmo nos setores mais intensivos em tecnologia há limitação na implementação de tecnologia”. Para ele, a maior parte da inovação tecnológica é dominada por empresas transnacionais, mas a maioria se vale do conhecimento que traz de fora. “Há exceções como a Compaq, que faz parcerias com universidades. A indústria automotiva também faz parcerias, mas sempre com maior foco para o desenvolvimento”, acrescenta.

    O trabalho da Fapesp identifica, ainda, os setores onde houve maior concentração de investimento público. Entre 1995 e 1998, o Estado investiu 1% de seu PIB em P&D, enquanto o investimento nacional foi de 0,87%. Os setores priorizados foram agricultura, saúde e setor aeroespacial. O resultado disso foi um aumento na produtividade agrícola, com conseqüente redução de preços ao consumidor. Na área de saúde, Quadros acrescenta que, além dos avanços nas pesquisas científicas, a tecnologia que vem sendo implantada em hospitais como o Instituto do Coração e o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia já consegue reduzir a incidência de doenças e mortalidade.

    Os investimentos públicos dos últimos anos no setor aeroespacial já contabilizam o retorno em elevada produtividade tanto em relação à pesquisa como ao desenvolvimento tecnológico. Tanto o Centro Técnico Aeroespacial, do Instituto de Tecnológico de Aeronáutica, como a Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. (Embraer) estão localizados em São José dos Campos, o que faz que a concentração de investimentos no setor se volte para o Estado de São Paulo. Os resultados apresentados no ano passado e neste ano, como o desenvolvimento da base de lançamento de satélites de Alcântara-MA e a exportação de aeronaves produzidas pela Embraer – que é hoje a quarta maior fabricante de aeronaves comerciais do mundo – foram viabilizados com o apoio do investimento público.

    Parte dos investimentos voltados para o desenvolvimento de C&T no Estado, foi feita pela Fapesp. Segundo Francisco Romeu Landi, a Fundação investiu R$ 520 milhões em 2001, sendo 35% do investimento em bolsas de ensino e 65% dos recursos foram diretamente para a pesquisa.

    Landi lembra que o levantamento periódico de dados sobre a evolução do desenvolvimento de C&T no Estado de São Paulo é um dos itens do estatuto da Fapesp. O último levantamento foi feito em 1998, mas o produto final é bastante diferente deste novo livro. “Desta vez especialistas de vários setores fizeram análises das tendências, o que é muito importante para aqueles que formulam as políticas públicas – ou que investem – entenderem a evolução desses setores”, afirma Landi.

    A tiragem inicial do livro é de três mil cópias que serão distribuídas para bibliotecas das universidades e dos institutos de pesquisa e para algumas pessoas responsáveis pelas políticas públicas na área de ciência e tecnologia.

     

    Simone Pallone