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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.54 n.1 São Paulo jun./set. 2002

     

     

     

    NEUROINFORMÁTICA

    Inteligência artificial em exposição na Suíça

     

    Um computador que vê o movimento das pessoas ao seu redor e ouve as suas reações. Para expressar o que sentiu, ele transforma as informações recebidas em música. Esta interação entre homem e computador com a criação de uma inteligência artificial é a base da pesquisa apresentada na Expo.02 na Suíça. O Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora da Unicamp e o Instituto de Neuroinformática da ETHZ, de Zurique, desenvolvem esta pesquisa em conjunto para a criação do Projeto Ada, um espaço inteligente controlado por computador com sensores que interagem com o público. É uma pesquisa inédita no mundo, com a criação artificial da retina e da cóclea, a partir de modelos animais, possibilitando ao computador “ver” e “ouvir” as reações do público. O computador Ada é a principal atração da Expo.02, que começou em maio na cidade de Neuchatel, próximo a Genebra, e vai até outubro. Esta é uma das maiores exposições científicas da Europa Ocidental, que só ocorre a cada 30 anos.

    O núcleo da Unicamp produziu toda a parte sonora do Projeto Ada e o instituto suíço projetou as redes neurais artificiais que recebem os estímulos externos e são programados para responder em tempo real às leituras dos sensores. A Expo.02 tem dois ambientes principais, chamados de Brainarium e Explanatorium. No espaço Brainarium há um conjunto de sensores conectados à rede de computadores, fazendo a interação e a comunicação entre o público e o Ada; no Explanatorium, o público tem acesso às informações científicas que envolveram o projeto, englobando várias áreas do conhecimento, como computação, biologia, matemática, física, eletrônica e música.

    Entre os sensores do Ada estão a córnea artificial, que permite uma “visão” do computador aos movimentos das pessoas, e a cóclea artificial, que possibilita um tipo de “audição”. Estas pesquisas apontam a criação de um cérebro para o computador, “imitando” os modelos de sensibilidade animal. Segundo Jônatas Manzolli, coordenador do Núcleo, esse tipo de pesquisa com modelos de retina para o computador nunca foi feita no mundo.

    No caso do computador Ada, as informações registradas pela “visão” e pela “audição” são usados para fazer música. Os sensores traduzem a expressão externa do público em algoritmos, que se transformam em música através dos softwares produzidos na Unicamp. Estes programas de computador têm como base a Teoria dos Functores, uma subdisciplina da Matemática que procura relacionar diferentes estruturas matemáticas em um único formalismo.

    O pesquisador das áreas de Física e Matemática do Núcleo, Adolfo Maia, explica melhor como funcionam os softwares. “Através da Teoria dos Functores, estruturas aparentemente diferentes mostram-se como verdadeiramente semelhantes. Os ‘functores sônicos’ relacionam objetos matemáticos abstratos em sons e música, de tal maneira que se operando com objetos matemáticos, automaticamente se opera com objetos sônicos”.

    O Projeto Ada surgiu do desenvolvimento das pesquisas para a criação do Roboser, um robô compositor, também feito em parceria entre os dois institutos. Essa pesquisa cria uma nova forma de composição musical que utiliza os recursos de redes neurais aplicados à robótica. Esse robô é pioneiro no mundo na maneira de modelar a criatividade sonora.

    O Roboser, além de abordar a composição musical, é um ambiente experimental para testar diversas hipóteses atuais sobre o funcionamento da mente humana, principalmente em seu aspecto criativo. É também uma experiência sobre redes neurais artificiais e os sistemas de interatividade e de improvisação.