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    Ciência e Cultura

    versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.54 n.1 São Paulo jun./sep. 2002

     

    Cinema

    CAFUNDÓ TEM CAPTAÇÃO INÉDITA DE RECURSOS

     

    O ator Paulo Betti encontrou uma forma inédita para captar recursos para a produção do filme Cafundó - Uma ficção sobre João de Camargo. Agora, os beneficiários da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) poderão fazer pequenas doações mensais e se beneficiar da Lei do Audiovisual (Lei 8.685/93), que permite deduzir os valores do imposto de renda.

    O filme conta a história de João de Camargo, um ex-escravo milagreiro da região de Sorocaba, interior de São Paulo, que viveu de 1858 a 1942, e que venceu no mundo dos brancos pela fé e pela humildade. O filme mostra também o universo das feiras de muares que, durante 250 anos, reuniam em Sorocaba os animais para serem vendidos, principalmente burros, que vinham de Viamão, RS. Essas feiras eram muito importantes e duravam quatro meses. João de Camargo nasceu no auge das feiras. Elas aparecerão como pano de fundo no filme.

    Betti conta que conhece essa história desde menino. “Meu avô era um imigrante italiano que trabalhava a meia nas terras de um fazendeiro negro. No caminho da roça de meu avô havia uma igreja, que existe até hoje, tombada pelo patrimônio histórico, dedicada a João de Camargo. A história me pegou quando ia visitar meu avô. Fiquei fascinado por aquele santo negro, que não era da igreja católica e que tinha construído uma igreja muito peculiar”, diz o ator.

     

     

    A pesquisa para a elaboração do roteiro, escrito por Clóvis Bueno, foi feita por José Carlos de Campos Sobrinho e Adolfo Friolli e resultou no livro João de Camargo de Sorocaba, o nascimento de uma religião, da editora Senac. Mas a história do milagreiro foi objeto de estudo de outros intelectuais, tais como Florestan Fernandes, Roger Bastide e Sandra Regina Corrêa. Carlos Vogt e Peter Fry, por sua vez, dedicaram um longo estudo à comunidade negra do Cafundó, publicado no livro Cafundó: a África no Brasil (Companhia das Letras e Editora da Unicamp, São Paulo, 1996).

    Apesar de existir o Cafundó, um bairro onde vive uma comunidade de negros descendentes de um ex-escravo, e de esse bairro ser próximo a Sorocaba e também a Cocais, o provável local de nascimento do personagem principal do filme, Betti afirma que o Cafundó do filme “é um universo mítico, onde o Judas perdeu as botas, com pouca relação com a comunidade do Cafundó”.

    Para ele, os estudos feitos sobre João de Camargo jogaram luzes sobre essa história, e que os produtores do filme irão contá-la para entreter o espectador.