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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.54 n.1 São Paulo jun./set. 2002

     

     

    MOACIR AMÂNCIO

    Quando fechada a porta, o retângulo
    em concordância com algumas curvas.
    os quadros por excesso fazem vista.
    Alheios na parede, os insetos
    são as asas num quase circular
    de rápida intenção toda fazendo
    o não retorno. Barco não, nenhum.

    *

    Do quadro, do horizonte a linha curva,
    o desenho se expande feito luz –
    os contornos revelam mais escuros
    desertos ao redor da flor, os olhos.
    Cada peça, mobília, os enfeites,
    marcos do mapa os rumos, formações,
    ovos, outro retângulo, os prismas
    dispostos em sentidos inclinados.
    Eles, do mármore, madeira e tinta,
    metais em móvel condição, o gelo –
    de insetos o cardume sai dos olhos
    e dá forma ao cristal, osso da luz.

    *

    O desenho da sala, um espaço
    móvel. Medida em que algo, se aparece
    desabrocha a figura sem contorno
    nela e idem fora dela, no arredor
    e interiores, a fruta pelo avesso
    a partir dessa casca, barco à solta
    comparável à chama sem a vela
    e à mão liberta de qualquer vontade,
    luz à deriva, fonte nem chegada.

     

    Do livro inédito Luz Acesa

    Moacir Amâncio é jornalista e doutor em Letras em Língua Hebraica pela USP, com a tese: Dois palhaços e uma alcachofra (Nanquin, 2000). Entre seus principais títulos de poesia estão Contar a romã, O olho do canário, Do objeto útil.