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Ciência e Cultura
Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660
Cienc. Cult. vol.54 no.2 São Paulo Oct./Dec. 2002
AQÜICULTURA
Manguezais e a produção de camarões
A expansão das fazendas de camarões no litoral brasileiro tem sido apontada como a causa de destruição dos manguezais, levando entidades ambientalistas a pressionar as autoridades governamentais a deter a expansão dessa atividade econômica no Nordeste. O Brasil detém a maior área de manguezais do mundo, atingindo 1,37 milhão de hectares.
Marcos Rogério Câmara, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, argumenta que a carcinicultura desenvolve-se em áreas de baixo impacto ambiental, como terrenos salgados e tabuleiros arenosos. Ele atribui ao despejo de lixo e esgoto urbano e industrial a maior responsabilidade pela destruição dos manguezais na região.
Para Raúl Malvino Madrid, coordenador geral de Aqüicultura do MAPA, essas propriedades são muito mais sustentáveis do que acusam os ambientalistas e representam um opção econômica para as populações locais. Madrid acrescenta que o Brasil tem potencial para se tornar o maior produtor mundial de camarões marinhos cultivados do mundo: extenso litoral (8,5 mil km) e condições ambientais excelentes para a criação do Litopenaeus vannamei, principal variedade adaptada no país.
Para o coordenador, um dos entraves para o desenvolvimento desse setor é a legislação, que coloca o cultivo de camarão marinho na ilegalidade. Em resolução aprovada pela Coordenadoria Nacional do Meio Ambiente, foram incluídas as áreas arenosas na definição de manguezal. Segundo Madrid, trata-se do entorno do mangue, mas a decisão torna ilegais os 8,5 mil ha em produção de camarões no litoral nordestino e impede a implantação de novos empreendimentos.
Os países asiáticos, maiores produtores de camarões e os que mais destróem os mangues, segundo a especialista filipina, Jurgenne Primavera, buscam soluções ambientais de convivência para não comprometer a marca anual de 750 mil toneladas de camarão. A especialista expôs, em palestra do Congresso Mundial de Aqüicultura realizada em abril deste ano, na China, os números da devastação: na Tailândia foram desmatados 65,2 mil ha de manguezais para o cultivo de camarão; no Vietnam, 102 mil ha; e, em Bangladesh, 6,6 mil ha.