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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.54 no.2 São Paulo Oct./Dec. 2002

     

     

    VISÃO

    Fotopigmento ajusta o relógio biológico

     

    Um novo pigmento, a melanopsina, descoberto em 1998 pelo grupo de Ignácio Provêncio e Mark Rollag, dos EUA, acaba de ser localizado em uma área da retina que se imaginava "cega", permitindo que os seres vivos percebam a luz sem ver. Esta descoberta foi divulgada recentemente em dois artigos científicos, nas revistas Science e Nature*, por grupos científicos independentes, um dos quais é assinado pelos descobridores da melanopsina e pela brasileira Ana M.L. Castrucci, professora da USP.

    Esse pigmento, localizado nas células ganglionares da retina, envia informações luminosas para a zona do hipotálamo, conhecida como relógio biológico (núcleos supraquiasmáticos) e, com isso, informa ao relógio interno as condições de iluminação do meio ambiente. A descoberta abre um novo campo de conhecimento, e permite entender porque cegos, que são incapazes de ver a luz, conseguem ajustar suas atividades aos ciclos de iluminação do ambiente.

    A pesquisadora Regina P. Markus, professora titular do Laboratório de Cronofarmacologia da USP, ressalta que o relógio biológico funciona independente de qualquer estímulo externo e que, mesmo quando retiramos os núcleos supraquiasmáticos do cérebro de um animal e colocamos em cultura, estes continuam apresentando um ritmo ao redor de 24 horas (circadiano). O que faz com que este relógio se ajuste perfeitamente ao dia terrestre é a sua capacidade de se ajustar à luz.

    "Dizemos que a luz representa a mão que ajusta o ponteiro do relógio. Até agora, não sabíamos onde estava esse botão para colocar a mão. Mas, este ano, foi demonstrado que a melanopsina é este botão". A cientista acrescenta que essa proteína está localizada na membrana das células ganglionares da retina e, quando a luz incide, ela muda de conformação e manda um sinal elétrico para o cérebro dizendo – "está claro" –; o cérebro, então, entende o sinal e ajusta o organismo a mais um período de luz.

     

     

    * As matérias citadas estão na revista Science, edição nº 295 de 2002, página1065; e revista Nature edição nº 415 de 2002. página 493.