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Ciência e Cultura
versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660
Cienc. Cult. v.54 n.2 São Paulo oct./dic. 2002
LINGUAGEM CIENTÍFICA
O uso polêmico da palavra clonagem
A divulgação de um avanço científico é freqüentemente tratada com uma nova terminologia, desconhecida até então pela sociedade. Coisas e processos parecidos, mas não iguais, passam a ser conhecidos com os mesmos termos, gerando enfrentamentos desnecessários. No momento, o caso mais evidente é o da palavra clonagem, de uso intensivo para qualificar qualquer forma ou processo de reprodução in vitro, ou seja, fora do corpo, em laboratório.Esse dialeto científico é dificilmente apreendido pelo público leigo. E, nessa categoria, incluem-se mídia e legisladores do assunto.
Na revista Science, de fevereiro deste ano, Bert Vogelstein debate a generalização do termo clonagem para diferentes processos. A clonagem tem sido usada para se referir à produção de uma cópia de alguma entidade biológica, um objetivo que, em muitos casos, pode ser alcançado através de meios alheios à técnica, conhecida como transferência nuclear da célula somática. Vogelstein esclarece que as bactérias se clonam pela divisão celular repetida; as plantas se clonam por meios assexuais e por regeneração vegetativa.
A geneticista britânica Anne McLaren, da Welcome/CRC Institute de Cambridge, uma das pioneiras no estudo da biologia reprodutiva, não gosta do termo "clonagem terapêutica," preferindo a expressão clonagem para se obter células-tronco. Isto porque, justifica a pesquisadora, a mistura entre esses dois conceitos embasa a argumentação de alguns de que, se um homem é estéril e usa a clonagem para ter um filho, então ele teria realizado um procedimento terapêutico; em outras palavras, clonar o ser humano é encarado como um tratamento "terapêutico" para a infertilidade.