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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.54 n.2 São Paulo out./dez. 2002

     

     

    Documentário

    POETA DAS SETE FACES

     

    A série de comemorações e lançamentos pelo centenário do nascimento de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) inclui o documentário do diretor Paulo Thiago, Poeta das sete faces. O título escolhido remete à obra "Poema das sete faces", publicada em primeiro livro – Alguma poesia, de 1930 – e pretende dar a idéia de alguém que vive à margem, fora do sistema, com um olhar crítico e inusitado sobre a realidade, uma característica que perpassa a vida e a obra do poeta. Apesar de Drummond não ter heterônimos, o cineasta quis assinalar a multiplicidade dos temas abordados pelo poeta mineiro em toda a sua história literária.

    O filme Poeta das sete faces procura englobar as diferentes fases de sua obra. "Procurei mostrar a transformação e a mudança na obra de Drummond ao longo do tempo. Ele é um poeta múltiplo e complexo, não é só um poeta, apesar de possuir características que lhe conferem uma certa unidade, como a anti-lírica convencional e a visão original do mundo. Eu não concordo com os que buscam uma unidade poética em Drummond; ele foi se transformando ao longo do século XX, e passou por várias fases poéticas. Ele não foi o poeta de Itabira, o poeta de Minas, da memória, ele foi um poeta do seu tempo", argumenta.

    Num primeiro momento, considerada sua fase modernista em Alguma poesia, Drummond é irônico e investiga a literatura, a poesia e a arte, para revolucioná-las. A segunda fase, que Paulo Thiago situa a partir do livro O sentimento do mundo, de 1934, até A rosa do povo, de 1945, o poeta faz uma poesia centrada na realidade do país e do mundo e os poemas ganham caráter social e político. A partir de Claro enigma (1951), inicia uma fase filosófica, em que aborda questões complexas como o ser no tempo e na vida, a relação do homem com a existência e a questão da morte. Sobre essa fase, o diretor Paulo Thiago acrescenta uma frase de Drummond: "Como ficou chato ser moderno, prefiro ser eterno".

    Posteriormente, no que se pode considerar a quarta fase, com Boitempo (1968), o diretor define o poeta como memorialista; há, ainda, a fase publicada postumamente de poemas eróticos.

    Além desse documentário, com estréia comercial prevista em outubro, o diretor Paulo Thiago está finalizando outra produção baseada no poema "O Caso do vestido", que deverá receber o nome de O vestido, e ser lançado nacionalmente em 2003.