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    Ciência e Cultura

    versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.55 n.1 São Paulo ene./mar 2003

     

     

     

    Para a comunidade negra do Cafundó, no município de Salto de Pirapora, perto de Sorocaba, no estado de São Paulo, há, no vocabulário de origem africana que seus habitantes utilizam na ritualização de seu cotidiano, ao lado do português, uma distinção de vocabulário interessante.

    Os falantes da cupopia, a "língua africana" do Cafundó, têm dois termos para significar "doença" e que, segundo sua própria explicação, se distinguem da seguinte maneira: mafambura é "o que vem de fora"; cachapura é "puro do corpo mesmo".

    O professor Erney Plessmann Camargo, diretor do Instituto Butantan e coordenador do "Núcleo Temático" deste número da Ciência e Cultura, ao comentar, em sua apresentação, a distinção entre endemia (do grego endo + demo) e epidemia lembra que o primeiro termo designa as doenças endógenas, nativas, que sempre existem dentro de uma população, enquanto que, epidemia significa "doenças que, de repente, vêm de fora" e cuja prevalência supera os valores habituais. Quando estas se alastram geograficamente por várias regiões, tornam-se, então, pandemias.

    Assim como no Cafundó, para cujos habitantes tanto cachapura como mafambura podem ser tratadas com medicamentos, com a ressalva de que "o que vem de fora" só pode ser curado com reza, a história da humanidade é repleta de procedimentos e movimentos místicos para a cura de grandes epidemias.

    Este número da revista traz um relato expressivo de uma amostra importante da luta da humanidade contra as doenças infecciosas, focando a enorme contribuição da ciência brasileira nesse combate.

    Nas margens desse rio caudaloso de análises, informações e atualizações de referências bibliográficas e de grupos de pesquisa dedicados ao tema das endemias, correm também notícias, reportagens, artigos, curiosidades, no Brasil, no mundo, na cultura, em prosa e poesia.

     

    CARLOS VOGT
    Editor Chefe, janeiro de 2003