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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.55 n.1 São Paulo jan./mar. 2003

     

     

     

    ENTREVISTA

    Físico brasileiro coordena coleção de 18 volumes dos grandes nomes da ciência

     

    Marcelo Gleiser, professor do Dartmouth College, nos Estados Unidos, foi convidado pelos editores Stylianos Tsirakis e Rafael Guanaes para encarar o desafio de coordenar uma coleção sobre ciência que falasse ao público jovem. Sua experiência como divulgador científico, responsável por colunas sobre o assunto na mídia, facilitou o trabalho de traduzir as origens e o desenvolvimento do conhecimento para uma linguagem acessível a estudantes e interessados no assunto. A coleção Imortais da Ciência traz textos escritos por cientistas brasileiros com a história, o pensamento e os feitos científicos de nomes como Kepler, Copérnico, Watson e Crick, Darwin, Bohr, Platão e Aristóteles, Lavoisier, Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, entre outros. São 18 volumes no total, lançados em três lotes de seis volumes cada.

     

    CIÊNCIA E CULTURA Qual sua expectativa com essa coleção? Qual o público alvo?

    MARCELO GLEISER O público alvo é jovem, entre as idades de 13 a 18 anos. Mas pessoas de todas as idades irão aproveitar e muito essa coleção. Afinal, como se diz em ciência, não existe uma palestra muito simples; sempre se aprende algo. Espero que seja adotada em escolas, e faça parte do acervo de bibliotecas públicas e privadas. Gostaria que esses volumes se tornassem leitura obrigatória a qualquer pessoa que ensine ciência, em qualquer nível. É uma iniciativa original, com livros de divulgação científica escritos por cientistas e filósofos brasileiros de renome.

     

    Como foi feita a escolha dos cientistas que compõem a coleção?

    GLEISER Principalmente, aqueles com unanimidade em relação a sua importância na história da ciência. Claro, esse tipo de escolha nunca é perfeito, ficam faltando certos nomes ou alguns selecionados, podem ser questionados. Mas, sem a menor dúvida, os escolhidos representam uma fração muito importante da criatividade científica da humanidade.

     

    E os autores brasileiros dos textos, como foram selecionados?

    GLEISER Na escolha dos nomes houve uma colaboração entre o grupo da editora e eu. Conheço vários autores pessoalmente, e sabia que poderiam fazer um ótimo trabalho. Na verdade, usei um pouco a coleção para atrair esses nomes para a área de divulgação científica. O Brasil tem excelentes cientistas, muitos com grande potencial na área de divulgação. Como coordenador, tive o privilégio de examinar o trabalho de divulgação de vários colegas cientistas, muitos iniciantes. No caso de nomes como Moacyr Scliar ou Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, o resultado era seguro. O que me surpreendeu foi ver o talento dos que jamais haviam escrito para o público não-especializado. Não é nada fácil essa tradução da ciência ao público em geral. Acredito que a qualidade dos textos falará por si. Procurei intervir o mínimo possível, sugerindo exemplos e analogias adequadas. No final, acabei aprendendo muito.

     

    É possível atuar na divulgação da ciência e ainda manter-se ativo na sua própria área de pesquisa?

    GLEISER Sem dúvida, fazer divulgação tira tempo da pesquisa. Atualmente, trabalho com problemas da origem da complexidade: problemas simples podem evoluir tornando-se complexos, como, por exemplo, a formação do universo. Mas, o retorno da divulgação é muito gratificante, e mostra a sede que existe nessa área. O segredo é saber dividir o tempo muito bem, maximizando os períodos de trabalho.

     

    Como monitorar o alcance e o sucesso da coleção?

    GLEISER Boa pergunta. Acredito que o indicador inicial é o das vendas. Igualmente importante será a penetração da coleção nas escolas públicas e privadas do país. No mínimo, os livros deveriam integrar listas obrigatórias dos acervos das escolas públicas secundárias nacionais. Quem sabe, em uns dois anos, se faça uma pesquisa entre os jovens cursando ciências em várias universidades do país, com a pergunta ­ Você leu algum dos livros da coleção Imortais da Ciência? Espero que a resposta de muitos seja um grande "Sim!".

     

     

    Lúcia Cunha Ortiz