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    Ciência e Cultura

    versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.55 n.1 São Paulo ene./mar 2003

     

    Livro

    GRAVURAS DE PEIXES DA AMAZÔNIA

     

     

    Quando se fala em Alfred Russel Wallace, naturalista inglês que viveu no século XIX, geralmente se pensa na contribuição para a teoria da evolução das espécies de Charles Darwin. Pouco se conhece de Wallace como o ótimo desenhista que foi. Esse resgate foi feito pela pesquisadora Mônica de Toledo-Piza Ragazzo em sua obra Peixes do Rio Negro-Alfred Russel Wallace, reunindo as belas gravuras e anotações da expedição à Amazônia, entre 1850-1852, quando o naturalista registrou 212 peixes de quase 180 espécies da região dos rios Negro e Uaupés.

    O livro é fruto de uma colaboração, entre o Museu de Zoologia da USP e o Museu de História Natural de Londres, onde estão os originais de Wallace. Mônica soube da existência do material em 1995 ao fazer o levantamento bibliográfico para sua tese de doutorado.

    Um artigo mencionava parte das espécies registradas por Wallace na região amazônica, sendo que dois nomes chamaram a atenção da pesquisadora por fazerem parte do grupo de peixes que estudava, e que suspeitava serem de uma nova espécie. Em visita ao museu inglês, teve acesso às ilustrações e ficou impressionada com a qualidade e os detalhes, que facilitaram a identificação e a confirmação de que, de fato, uma das gravuras trazia o registro de uma espécie nova. Quatro anos mais tarde, Mônica a descreveu e a batizou de Hydrolycus wallacei.

    O livro traz ricas informações sobre os peixes e seus locais de coleta. Mônica explica que Wallace realizou, ainda, medidas de latitude e longitude com um sextante, uma bússola e um relógio, dados usados para montar um mapa preciso e detalhado dos rios Negro e Uaupés. As espécies de peixes registradas pelo naturalista ainda existem na região amazônica, que muito se alterou nesses 150 anos. "Porém, muitos dos locais por onde ele passou, principalmente o alto rio Negro e alto rio Uaupés, ainda são relativamente pouco alterados", acrescenta.

    Além das gravuras, Wallace colecionou espécimes de peixes, aves, insetos e plantas que seriam vendidos na Inglaterra para financiar sua expedição. Mas um incêndio na embarcação que o levava de volta para casa destruiu todo material biológico acumulado por dois anos. As gravuras foram salvas e documentam esse período. "Com os desenhos, de valor histórico inestimável, podemos ter hoje uma idéia da diversidade de peixes observados por ele durante os anos de 1850-1852 em que esteve nos rios Negro e Uaupés", conclui a pesquisadora.