SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.55 número2 índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Servicios Personalizados

Revista

Articulo

Indicadores

    Links relacionados

    • En proceso de indezaciónCitado por Google
    • No hay articulos similaresSimilares en SciELO

    Compartir


    Ciência e Cultura

    versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.55 n.2 São Paulo abr./jun. 2003

     

     

    MEIO AMBIENTE

    Manejo florestal pioneiro no Acre

     

    Xapuri, famosa por ser o lugar onde nasceu e morreu o líder seringueiro Chico Mendes, é cercada de seringais e florestas que têm sido, como em muitas outras localidades do Norte brasileiro, rapidamente transformadas em pastos e campos para agricultura. Mas a cidade quer ser conhecida como a primeira a adotar o manejo florestal comunitário certificado.

    O manejo de madeira, por exemplo, foi implantado para complementar as tradicionais coletas de castanha e borracha na região, melhorando a renda dos produtores rurais locais e a oferta de emprego. Para que as árvores não desapareçam da região, os seringueiros usam uma receita antiga: só podem cortar as árvores "mães" com um diâmetro mínimo de 40 cm e que já tenham uma "filha" produzindo sementes e duas "netas". As árvores a serem derrubadas devem, também, ser abundantes na floresta.

    A arquiteta Gisela Brugnara, coordenadora executiva do Pólo de Indústrias Florestais de Xapuri (Piflor-Xapuri), conta que o manejo florestal comunitário retém a população local dando condições econômicas de viver dos produtos da floresta. "O pólo vem criando um espaço para promover a instalação de empresas que beneficiam os produtos do extrativismo vegetal". Ela acrescenta que o objetivo do Piflor-Xapuri é assegurar a sustentabilidade dos empreendimentos, verticalizar as cadeias produtivas do extrativismo, produzir e disseminar conhecimento.

     

     

     

    Para integrar-se nessa filosofia, as indústrias devem produzir de forma sustentável não apenas da perspectiva ambiental, mas também social. "O pólo quer, não só atrair empresas de fora, mas também formar empresas locais, e valorizar cada vez mais os produtos, como a madeira. Hoje, ela é explorada de forma indiscriminada mas se pretende incentivar o manejo e trazer retorno econômico e social para a população local", explica a arquiteta.

    As empresas locais já se beneficiam da atração que a marca "produtos da Amazônia" tem e, se forem extraídos racionalmente, vão agregar maior valor.

    O uso da galhada e bordas das árvores derrubadas pela oficina-escola de marcenaria do Piflor-Xapuri é um exemplo de como a madeira vem sendo extraída na região para diminuir, ao máximo, as perdas. Geralmente, essa parte das árvores apodrece na floresta ou vira lenha. Tudo isso faz parte de manejo sustentável" explica.

    A arquiteta só se ressente da pouca participação das universidades nesse projeto. Em parte, esse desinteresse pode ser atribuído à distância geográfica. Mas, acrescenta, "há necessidade de incrementar a pesquisa na região pois as indústrias trabalham com demandas de curto prazo, como aumento de eficiência na produção". Ela informa que apenas o Inpa, em Manaus, o Ibama, em Brasília e algumas universidades paulistas estudam madeira no Brasil. "Ter um laboratório por perto é importante para identificação e solução de problemas mais rapidamente", considera.

    Atualmente, o Piflor-Xapuri conta com uma usina de borracha, outra de castanha e unidades para funcionamento de um pólo moveleiro como: estufa de secagem, serraria, edifício escolar e administrativo, galpões para serviços de marcenaria e oficina-escola. Gisela salienta que o Piflor-Xapuri é uma iniciativa de política pública "e nada semelhante é possível sem parcerias em diversas esferas".

     

    Juliana Schober