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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.55 no.2 São Paulo Apr./June 2003

     

     

    PESQUISA

    Borboletas da Mata Atlântica

     

    Em dias ensolarados, o jardim das borboletas da Fundação José Pedro de Oliveira, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas (SP) é um festival de cores e movimento. Centenas de borboletas de variadas cores e espécies voam e pousam nas flores cultivadas especialmente para atraí-las.

    A bióloga Christiane Holvorcem coordena as pesquisas com as borboletas. Ela conta que a grande quantidade e variedade de espécies é resultado de um jardim planejado com esse objetivo: repleto de flores formando grandes manchas de algumas cores. "Isso facilita que a borboleta encontre as flores das cores que lhe atraem, já que elas usam a visão para identificá-las", explica. O borboletário está incrustrado na Reserva Florestal Mata Santa Genebra, um dos últimos resquícios de Mata Atlântica no estado de São Paulo. "As borboletas acabam sendo, também, um instrumento de mobilização das pessoas para a conservação dessa mata", diz a bióloga.

    Os estudos sobre as borboletas na Fundação estão tornando-se referência na área. Os pesquisadores realizaram um censo em 2001 e registraram que, das 690 espécies que visitam a reserva, 200 freqüentam o jardim das borboletas. Além disso, identificaram o horário de atividade de várias espécies. "Essa é uma informação importante para os pesquisadores planejarem seus estudos". Cristiane acrescenta que está em estudo, agora, o ciclo de vida de cinco espécies de borboletas que freqüentam o jardim e são mantidas em cativeiro.

     

     

    " O estudo é diário, todos os dias da semana: acompanho desde a coleta do ovo, soltura e identificação do adulto para ser colocado dentro do viveiro, observo onde os ovos serão colocados e o tempo de eclosão depois da coleta", conta a bióloga Cynira Any Gabriel. Todas as borboletas são marcadas, para que seja possível identificar a origem de cada ovo, e depois são soltas dentro de um viveiro repleto de plantas, para observação dos pesquisadores.

    "No viveiro, cada espécie põe ovo em uma planta diferente. Fazemos, ainda, um tratamento diário para evitar a contaminação por fungos e ressecamento da folha que serve de alimento para as lagartas", conta Cynira. O objetivo é saber quanto tempo essas espécies vivem e descrever o ciclo de vida desde o ovo até a fase adulta, em ambientes confinados. Esses dados auxiliam no planejamento das pesquisas e permitem que criadores comerciais de borboletas não as retirem do ambiente natural. "Também fornece um modelo teórico para estudos de dinâmica de populações. Uma vez que temos as taxas de mortalidade sem a interferência do ambiente natural, temos um sistema puro onde nós podemos trabalhar a modelagem demográfica", complementa

    Christiane alerta, também, para a relação entre as borboletas e a preservação da Mata Santa Genebra: "O habitat da borboleta tem que ter um tipo de planta que o inseto adulto freqüenta, e outro que alimenta a lagarta. Se o número de determinada espécie cresce ou diminui muito, isso é um indício de que algo está ocorrendo na floresta".

     

    Juliana Schober