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A ciência dentro de ônibus populares

A ciência está cada vez mais presente na vida das pessoas e, no entanto, muitos ainda não a compreendem ou até a temem. Na tentativa de levar questionamentos científicos atuais à população, aparentemente distante deles, uma equipe coordenada pela University West of England em parceria com a Organização Européia de Biologia Molecular lançou, em novembro de 2002, o projeto SciBus que leva para dentro de ônibus públicos alguns temas controversos que envolvem ciência e tecnologia. "Se existem propagandas de shampoos [dentro dos ônibus], porque não ter propaganda científica?", questiona o coordenador do projeto, Frank Burnet, que recebeu cerca de 443 mil de euros da Comissão Européia, dentro do programa de popularização de ciência e tecnologia.

A idéia foi desenvolver perguntas simples que instigassem o público a refletir sobre um tema enquanto viajavam de ônibus. Em fevereiro de 2002, a equipe começou a analisar os tipos de design, fontes de letra e texto que seriam mais adequados para a campanha e concluiram que textos curtos e diretos, cores fortes e a imagem de pessoas, ao invés de objetos, eram preferidos pela maioria dos jovens adultos europeus consultados. Outra conclusão da equipe é que as imagens poderiam ser ambíguas e não tendenciosas, deixando para o público a decisão de resposta.

Assim, quatro pôsteres contendo imagens de impacto e perguntas provocativas foram testados em ônibus de 15 capitais de países-membro da União Européia. As questões tratavam de alimentos, clonagem, meios de comunicação e transportes seguindo o padrão: "mais alimentos ou melhores alimentos?", com uma segunda pergunta que encorajava a audiência a opinar se "a ciência tem a resposta?" ou "a tecnologia tem a resposta?", juntamente com o endereço do site (http://www.scibus.com) ou telefone do projeto. Apenas na primeira semana de projeto, o site recebeu 100 mensagens.

O projeto quer assegurar que a opinião da população chegue àqueles que definem os rumos da ciência e tecnologia aplicada a sociedade, e funciona como um modelo a ser seguido por outros países que queiram implementar ações semelhantes. Os próximos a receberem conteúdo científico em seus ônibus serão China e África do Sul.

A idéia do SciBus não é nova, mas partiu do projeto "Ciência nos ônibus" posta em prática no final dos anos 1990, pela Comissão Millennium, o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Instituto de Física e a Royal Society de Química da Inglaterra. Naquela época, 12 cartazes foram apresentados em nove cidades da Grã-Bretanha.