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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.55 n.2 São Paulo abr./jun. 2003

     

     

    LIVRO DIDÁTICO

    A imagem dos latinos nos EUA

     

    Nos Estados Unidos, o livro didático tem um papel fundamental nas salas de aula e funciona como um mecanismo de controle sobre o que o professor deve ensinar. A imagem dos latinos e sua contribuição para a história norte-americana é altamente estereotipada nesse tipo de livro. Os latinos são retratados como preguiçosos, violentos, resistentes em assimilarem a cultura norte-americana, passivos e luxuriosos. Essas são as principais conclusões do artigo "Don Juan e rebeldes sob palmeiras: imagens dos latino-americanos nos livros de história dos Estados Unidos", da antropóloga Bárbara C. Cruz, da Universidade do Sul da Flórida, publicado no volume 22 da revista Critique of Anthropology.

    "O estudo indica que muito do enviesamento do texto é sutil - emprega advérbios, adjetivos e orações subordinadas que mais insinuam do que afirmam", diz Bárbara. "Para muitas das crianças em idade escolar, o texto impresso tem um nível de legitimidade e autoridade que os torna virtualmente à prova de erros", completa a antropóloga.

    A pesquisadora investigou os livros didáticos mais usados nas escolas da Flórida e adotados em todo o país. Ela procurou aliar uma pesquisa quantitativa, medindo o número de imagens de latino-americanos e outras minorias étnicas publicadas, a uma pesquisa qualitativa sobre o conteúdo dos textos didáticos. Em livros para crianças de séries equivalentes ao ensino fundamental e médio, os latino-americanos aparecem em, no máximo, 1% das imagens. Outras minorias, como os asiáticos e os índios norte-americanos, aparecem em 1 a 2% das imagens, enquanto os negros aparecem em 10% delas. O restante é dedicado aos descendentes de europeus.

    No texto dos livros, os latino-americanos estão referidos quando é relatada a anexação de parte do território mexicano pelos EUA (1846-1848), a guerra pela independência de Cuba (1895-1898) e o período contemporâneo da sociedade norte-americana.

    A antropóloga aponta a existência de um processo de queda da auto-estima, evasão escolar e dificuldades no aprendizado pelos descendentes latinos, já que estes não se identificam com a história descrita.