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    Ciência e Cultura

    versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.55 n.3 São Paulo jul./sep. 2003

     

     

     

    O Brasil é um dos líderes mundiais em diversidade biológica. Tanto pela riqueza da variedade da vida, o que deslumbrou viajantes e estudiosos, desde os primórdios do processo de ocidentalização cultural de nosso território, como pelo interesse comercial que essa mesma variedade despertou desde o início, atraindo aventureiros, exploradores e predadores.

    Essa dicotomia de interesses permanece e, agora, já desde há alguns anos, acirrada pelas características próprias do processo de globalização da economia.

    A sociedade contemporânea, através de suas formas de produção, tende a enfatizar o processo de mensuração do conhecimento, estabelecendo-lhe valores comerciais, antes difíceis de imaginar.

    O desenvolvimento da informática e das tecnologias da informação, de um modo geral, não só imprimiu velocidade e simultaneidade a dados, distâncias e acontecimentos em imagens, permitindo uma circulação do capital financeiro internacional, antes também desconhecido, como também trouxe uma concretude e uma materialidade às abstrações simbólicas de nosso universo cultural tal que vai se tornando cada vez mais difícil, para os habitantes – mutantes, talvez fosse mais apropriado dizer – dessas transformações, distinguir o mundo de suas representações e nelas ver-se a si mesmos representados.

    Certamente, esses movimentos rápidos e fronteiriços das relações do homem com o mundo e nestas, do homem consigo mesmo e com seus (des)semelhantes têm muito a ver com as dificuldades para o estabelecimento de padrões éticos de conduta e de comportamento nas sociedades contemporâneas.

    Para o conhecimento, alguns desafios se põem, desde logo, no quadro dessa axiomática mundializada: o de sua produção, o de sua circulação e difusão, o de sua transformação em valor econômico, o de sua divulgação, que permite ter medida de sua relevância social, e o de seu valor como fundamento de riqueza cultural, isto é, o de sua gestão com responsabilidade ética e social.

    No caso da biodiversidade brasileira e do patrimônio genético que ela encerra, tema principal deste número da Ciência e Cultura, esses desafios se apresentam emblemáticos, quer pela complexidade do fenômeno enquanto objeto de estudo de diferentes disciplinas e áreas do conhecimento, numa ponta, quer pelo potencial econômico das informações que dele podem ser extraídas visando inovações tecnológicas de enorme valor agregado e, conseqüentemente, de produtos comerciais fortemente competitivos e lucrativos nos mercados nacionais e internacionais, na outra ponta.

    No mais, acompanhando, nas margens, as águas desse núcleo temático, correm, para frente e para trás, notícias, informações, computação quântica, romance e poesia.

     

    CARLOS VOGT
    Editor Chefe, julho de 2003