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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.55 n.3 São Paulo jul./set. 2003

     

     

     

    FRUTAS TROPICAIS

    Exportação exige alta qualidade

     

    O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, apenas atrás da China e da Índia, com uma produção anual de aproximadamente 31 milhões de toneladas. Dessa produção, no entanto, apenas 1% é exportado. Barreiras fitossanitárias rigorosas e legislação internacional restritiva ao uso abusivo de produtos químicos detêm o avanço da exportação brasileira. A pesquisa pode ser o principal instrumento para reverter esse quadro e melhorar a performance do agronegócio de frutas frescas, segmento importante da pauta de exportações, em especial àquele localizado no semi-árido nordestino.

    Nessa região, conhecida como Vale do São Francisco, foi implantado o sistema de Produção Integrada de Frutas (PIF) para elevar a qualidade do cultivo e atingir o mercado externo, produzindo economicamente e respeitando o meio ambiente e a saúde do consumidor. A produção integrada para uva e manga começou a ser discutida com os produtores da região, em 1999, sob a coordenação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Semi-Árido e Meio Ambiente e apoio da Embrapa Uva e Vinho. Levantamento da Embrapa junto a 20 propriedades de uva e 25 empresas exportadoras revelam resultados positivos: enquanto a área plantada com uva cresceu 71,8% de 1991 a 1995, a produção saltou 344%, chegando a 110 mil toneladas; a exportação, no mesmo período, cresceu mais de dez vezes. O cultivo integrado de manga no Vale já representa mais de 50% em relação ao convencional. E, o mais importante, o emprego de agrotóxicos caiu 30%. Para implantar uma PIF, existem regras para cada tipo de cultura.

     

     

    A pesquisa realizada pelos professores Amílcar Baiardi e Alícia Ruiz Olalde, do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas à Agricultura, da Universidade Federal da Bahia, em 2000, avaliou como a qualidade é fator determinante da competitividade e como a introdução do Sistema de Produção Integrada de Fruticultura, no pólo de produção agrícola irrigada de Juazeiro-Petrolina, no sub-médio Rio São Francisco, tem propiciado vantagens competitivas ao setor. "Nas duas últimas décadas, ocorreram diversas mudanças no sistema sócio-econômico de diversos países, bem como no modelo ou paradigma de produção e consumo de alimentos. A idéia de segurança alimentar cedeu lugar à idéia da segurança do consumidor, que se traduz na ausência de resíduos agroquímicos nos alimentos", afirmam os pesquisadores.

    Segundo o estudo, mecanismos institucionais que consolidem vínculos de confiança entre quem vende e quem consome alimentos são cada vez mais requisitados. Um deles são os selos de certificação de qualidade, que seguem as normas básicas da Organização Internacional de Controle Biológico (IOBC), com restrições no uso de agroquímicos e práticas de cultivo de acordo com cada região.

    INVESTIMENTOS "Há carência de infra-estrutura adequada para a expansão da atividade, como estradas, galpões e portos aparelhados para frutas", opina Aristeu Chaves, produtor de manga e uva do semi-árido nordestino e presidente da Associação dos Produtores do Vale do São Francisco, integrante da Valexport que reúne quase 2 mil produtores da região, dos quais aproximadamente 180 investem nesse tipo de produção.

    "Na PIF, o produtor precisa mudar sua consciência ambiental e social. Os produtos certificados são os preferidos pelos importadores; se os brasileiros não oferecerem isso, eles comprarão frutas do Chile", conclui o produtor.

     

    Sara Nanni