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    Ciência e Cultura

    versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.55 n.3 São Paulo jul./sep. 2003

     

     

    ENZIMA

    Pesquisadores descrevem alvo preciso contra a malária

     

    Uma equipe de cientistas britânicos, da Universidade de Edimburgo, e tailandeses, do Instituto Biotec de Bangcoc, conseguiu elucidar a estrutura de uma proteína fundamental para o Plasmodium falciparum, um dos agentes etiológicos da malária. Trata-se da enzima DFHR-TS, que tem duas funções: catalisa a síntese de timidilato e a redução do dihidrofolato. É sobre esta última que incide a inibição efetuada pelos medicamentos existentes, impedindo a produção da timidina 5'-monofosfato e a síntese do DNA. A estrutura da enzima é similar à de outras espécies de plasmódio, bem como às de outros protozoários. Mutações no gene que codifica essa enzima têm tornado os parasitas resistentes à maioria das drogas disponíveis para combatê-los. O estudo foi publicado na edição de maio da revista Nature Structural Biology.

    O conhecimento da estrutura da PfDHFR-TS vai proporcionar a compreensão dos mecanismos moleculares usados pela enzima na resistência. Mais que isso, pode também levar ao design de novas gerações de inibidores específicos para cada espécie que atuem nos dois sítios ativos da enzima-alvo. Assim, a elucidação da estrutura da DHFR-TS é comparável às da transcriptase reversa e da protease do HIV, que resultaram em drogas feitas sob medida contra a Aids.

    "Todos os tratamentos que temos contra a malária hoje vieram de estudos de 50 anos atrás ou foram descobertos pela reinvenção da medicina tradicional", afirma Pradipsinh K. Rathod, da Universidade de Washington, um dos autores do comentário sobre o artigo na mesma edição da revista. "Nenhuma droga contra a malária foi obtida de acordo com o paradigma dominante – encontrar uma enzima essencial e bloquear seu sítio ativo." Para Rathod, a estrutura dessa enzima é importante porque ela apresenta diversos aspectos de um bom alvo.

    Outra abordagem possível seria o desenvolvimento de uma vacina. "Existe a esperança de que vacinas, uma vez disponíveis, serão baratas", pondera Rathod. O problema é que, até hoje, nenhuma idéia simples chegou a funcionar. "Sequer sabemos por que vacinas, que deveriam ter funcionado, falharam. Não sabemos como reestruturar os esforços para desenhar vacinas que aumentem as taxas de sucesso."

    A malária afeta cerca de 500 milhões e mata mais de 1 milhão de pessoas por ano. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), depois da Aids e da tuberculose, representa a doença infecciosa mais importante em termos de saúde pública. Os seqüenciamentos dos genomas do P. falciparum e do mosquito Anopheles gambiae foram concluídos em outubro de 2002.

     

    Flávia Natércia