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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.55 n.4 São Paulo out./dez. 2003

     

     

    RESERVAS

    Aqüíferos da região de Campos necessitam de preservação ambiental

     

    Após dois anos de trabalho, pesquisadores da Unicamp delimitaram quatro grandes aqüíferos em Campos dos Goytacazes, região norte do estado do Rio de Janeiro. Batizados com os nomes Fraturado, Terciário Formação Barreiras, Terciário Formação Emborê e Quaternário Deltaico e com qualidade de água considerada excelente, os aqüíferos são de fundamental importância para a região, onde o abastecimento é crítico.

    Para se ter uma idéia do potencial hídrico, o aqüífero Quaternário Deltaico, considerado o mais promissor de todos, possui uma reserva 11,7 bilhões de metros cúbicos. Isso significa que apenas um poço pode captar 140 m3/h, volume suficiente para abastecer uma cidade de 13,5 mil habitantes.

    A coordenadora da pesquisa, Sueli Yoshinaga Pereira, do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp, diz que ainda faltam informações para determinar a reserva total dos outros aqüíferos. "Por causa da bacia petrolífera existente, sabe-se muito sobre a composição geológica do município, mas muito pouco sobre as condições hidrogeológicas dessa parte continental de Campos", acrescenta Sueli.

    As informações iniciais eram de que Campos possuía recursos hídricos subterrâneos significativos. Faltava, porém, delimitar o tamanho e a importância desses recursos. Para esse trabalho, os pesquisadores da Unicamp tiveram ajuda da Companhia Estadual de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro (Cedae) e de instituições de pesquisa e universidades fluminenses. A reserva renovável do Quaternário Deltaico é de 15,5 milhões de m3 e a qualidade da água é excelente. Para chegar à população, só será preciso retirar o excesso de ferro e dosar a cloração, o que sai mais barato do que construir uma estação de tratamento convencional. "O aqüífero Emborê, embora seja menor que o Deltaico, possui uma qualidade de água ainda melhor, o que reduz mais o investimento", acrescenta a coordenadora.

     

     

    Essa avaliação tem como base a tese de mestrado de Lucio C. Caetano. O trabalho revela que instalar uma estação de tratamento de água produzindo 30 m3/h custa US$ 94 mil, e mantê-la significa um gasto de US$ 32 mil/ano; para perfurar um poço artesiano com a capacidade para 35 m3/h, o investimento é de US$ 72 mil e o tratamento da água desse poço custa US$ 3,8 mil por ano.

    QUESTÃO AMBIENTAL A preocupação seguinte é o aspecto ambiental. A região teve um crescimento acelerado nos últimos anos devido à exploração petrolífera. "Campos enriqueceu e as conseqüências desse crescimento estão na impactação do solo com construções e asfaltamentos, e nas intervenções humanas no meio-ambiente, principalmente o uso de agrotóxicos na agricultura, com risco de contaminação de seus recursos hídricos", diz a pesquisadora. Outro fator preocupante é o clima semi-úmido da região, com chuvas escassas e grande evaporação.

    Uma nova tese de mestrado está em andamento, a partir desses dados e deve servir de subsídio para as prefeituras da região de Campos. "A não aplicação de políticas ambientais pode comprometer seriamente todo o manancial existente na área", alerta a pesquisadora.

     

    Jeverson Barbieri