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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.56 n.1 São Paulo jan./mar. 2004

     

     

    Em 1897, Freud comunicou a Wilhem Fliess, em uma das tantas cartas que com ele trocou, que não acreditava mais na sua Neurótica, consolidando, assim, o abandono definitivo da teoria da sedução, que preconizava a existência de traumas reais para a explicação das neuroses.

    Os críticos positivistas de Freud julgariam que a passagem de seus estudos neurológicos do aparelho psíquico para o método analítico-interpretativo consolidado em A interpretação dos sonhos significava antes um recuo científico do que um salto no conhecimento da mente humana, tão entusiasticamente anunciado pelo seu autor.

    Ao longo dos anos, nem a psicanálise retrocedeu no esforço de compreender e analisar os mecanismos de funcionamento da psique humana, nem tampouco a neurociência, como sub-área multidisciplinar dos estudos biológicos, deixou de avançar na tentativa de explicar como o cérebro funciona e como se constitui e estrutura o circuito de suas relações com a mente.

    A neurociência tem conhecido um grande desenvolvimento, em particular a partir dos anos 1990, década marcada, entre outras coisas, pelo invento da ressonância magnética, tecnologia que passou a possibilitar o registro de imagens de diferentes atividades do cérebro, em qualquer domínio das relações do homem com o mundo e consigo mesmo. Mas se esses avanços são grandes, com conseqüências importantes não só do ponto de vista científico e tecnológico, como também do ponto de vista da aplicabilidade médica e terapêutica dos conhecimentos produzidos, o cérebro e a mente humana continuam misteriosos em suas relações, embora grupos de pesquisa já anunciem a descoberta dos genes da materialidade da consciência, ou, em outros casos, das raízes orgânicas da violência.

    O mistério, contudo, não afugenta, nem tampouco assusta; ao contrário, atrai e motiva a continuidade dos estudos e a pesquisa sistemática, como mostram, com riqueza de enfoques, os artigos que compõem o Núcleo Temático deste número da revista.

    Com eles, as reportagens, as notas, as entrevistas, os textos literários compõem, em fundo e forma, em figura e cenário, em texto e enredo, a gestalt dinâmica e criativa da Ciência e Cultura.

     

    CARLOS VOGT
    Editor Chefe, janeiro de 2004