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Ciência e Cultura
versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660
Cienc. Cult. v.56 n.1 São Paulo ene./mar. 2004
MÉXICO
Jogo de pelota e sacrifício humano
Os estudos mais recentes sobre as culturas maias e astecas têm aberto novas perspectivas para as interpretações do significado dos rituais de sacrifício humano. Esse é o tema de capa da revista Arqueologia Mexicana, número 63, na edição de setembro/outubro de 2003 (http://www.arqueomex.com). Trata-se de uma publicação da Editora Raíces, que já dedicou outras edições especiais ao assunto.
SACRIFÍCIOS Um dos artigos da revista tenta compreender a ideologia do sacrifício humano, cujo significado está baseado na noção de dívida. O autor Michel Graulich, diretor de estudos religiosos na Escola de Altos Estudos de Paris, explica que na sociedade maia todos aqueles que deviam, pagavam com o auto-sacrifício, ou com o próprio sangue. Havia outros momentos em que se praticava o sacrifício humano em virtude de fenômenos cósmicos, como eclipses, secas ou inundações, com oferendas aos deuses e imolações.
Existem registros das diferentes práticas do sacrifício, que muitas vezes estão associadas aos modelos míticos: as mais comuns eram a extração do coração e a decapitação, pelo fogo, enterrando a vítima viva ou a extração das entranhas. Em algumas ocasiões, podiam ser combinados dois ou três métodos de sacrifício dependendo do ritual.
Outro sacrifício recorrente era sangrar-se em oferenda a divindades e a outras forças cósmicas para manter o equilíbrio do universo.
JOGO DE PELOTA Em outro artigo da revista, o antropólogo David Stuart, da Universidade de Harvard, relaciona o sacrifício humano com o esporte, argumentando que existia uma simbologia importante relacionada com o jogo de pelota, uma atividade esportiva datada de 1400 a 1250 a.C., que influenciou algumas modalidades esportivas conhecidas. Existem mais de 1,5 mil campos do jogo de bola até hoje no México, o que evidencia seu papel importante na história da América Central.
O jogo de pelota reservava aos perdedores o sacrifício; o vencido seria honrado com a morte. Para a civilização pré-hispânica, a morte por sacrifício perpetuava a vida.
REGRAS DO JOGO A disputa ocorre entre duas equipes: de um a sete jogadores se enfrentam em um campo dividido em dois, em formato de I, com a utilização de uma bola feita de lavas de vulcão. A bola somente pode ser golpeada com o antebraço, ombro, costas e glúteos. Os jogadores se atiram ao solo para tocar a bola, e esta deve passar por dentro de um arco, localizado no alto dos edifícios (monumentos). O jogo é rápido e perigoso, pois a bola é rebatida com muita força e velocidade. Esse jogo milenar ainda é praticado pelo povo mexicano, com algumas alterações nas regras e na estrutura da bola e vestimentas.
Vera Toledo de Camargo