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    Ciência e Cultura

    versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.56 n.1 São Paulo ene./mar. 2004

     

     

    PESQUISA

    Esquizofrenia e transtorno bipolar

     

    Especulações sobre a descoberta da cura da esquizofrenia povoaram a mídia nos últimos meses de 2003, como decorrência de uma apressada interpretação do artigo publicado pela revista médica The Lancet, em setembro passado. Ele abordava os resultados do grupo de pesquisa coordenado por Sabine Bahn, na Universidade de Cambridge, que encontrou origem genética semelhante entre a esquizofrenia e o distúrbio bipolar. Um dos efeitos da notícia foi levar muitos pacientes aos consultórios, buscando "alterar" o gene defeituoso para ficarem livres da doença, diz o psiquiatra José Alexandre Crippa, pesquisador do grupo de estudo em esquizofrenia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo.

    No artigo, a cientista Sabine Bahn deixa bem claro que "nosso estudo oferece fortes evidências de que esses distúrbios mentais estão associados à ineficácia da produção de mielina pelo organismo". Para Crippa, a conclusão da pesquisa não torna automática a descoberta da cura, como muitas matérias induziram a concluir. Na pesquisa, Sabine e sua equipe chegaram a essa conclusão após examinarem os cérebros de três grupos de pessoas: 15 portadores de esquizofrenia, 15 sadios e 15 com distúrbio bipolar. Analisando, nos três grupos, o funcionamento dos genes associados à formação da substância mielina, que protege os neurônios, permitindo que os impulsos elétricos sejam transmitidos devidamente no cérebro, os cientistas descobriram que eles eram menos ativos tanto nos pacientes com esquizofrenia como naqueles com distúrbio bipolar.

    DIAGNÓSTICO A esquizofrenia é um transtorno mental que atinge quase 1% da população mundial. Os primeiros sintomas costumam ocorrer na adolescência ou início da vida adulta.

    Atualmente, diversos grupos no Brasil estudam suas causas, que ainda não são conhecidas. Não existe cura para a doença. Estudos detectaram uma base genética, com maior chance de ocorrer em mais de uma pessoa da mesma família. Já se sabe, também, que fatores ambientais como infecção ou trauma intra-uterino, no parto ou após o nascimento podem estar relacionados ao transtorno. Os exames que visualizam o cérebro, como tomografia computadorizada e ressonância magnética, têm mostrado, em pacientes com esquizofrenia, alterações em estruturas cerebrais.

    Embora distintos, os transtornos de esquizofrenia e o distúrbio bipolar apresentam alguns pontos em comum. Ambos parecem ter uma base genética e várias alterações comuns em estruturas cerebrais.

     

    Lúcia Cunha Ortiz