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    Ciência e Cultura

    versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.56 n.1 São Paulo ene./mar. 2004

     

     

    SITUAÇÃO DAS NEUROCIÊNCIAS NO BRASIL

     

    NEUROCIÊNCIAS CLÍNICAS

    Luiz Alberto Bacheschi e Carlos A. M. Guerreiro

     

    É muito difícil avaliar a produção científica, quer do ponto de vista qualitativo quanto quantitativo. A produção científica de um país está claramente associada ao seu desenvolvimento social e econômico. Não existe "milagre", nem mesmo brasileiro. O Brasil tem sido reconhecido internacionalmente como tendo um avanço significativo em áreas sofisticadas do conhecimento, antes atributo exclusivo de países desenvolvidos, tal como ocorre com a genômica. Este fato deve-se ao importante investimento de instituições de fomento à pesquisa, com considerável melhora da infra-estrutura compatível com a pesquisa científica no país, em particular no caso paulista devido, principalmente, ao apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

    Do mesmo modo, a produção científica nas áreas do âmbito das neurociências clínicas, particularmente na área de neurologia, setor que transitamos, tem apresentado um grande incremento, com novos grupos sendo adicionados às escolas tradicionais.

    A cientometria, apesar das críticas, pode ser considerada um instrumento avaliador da produção científica em periódicos internacionais, com revisores entre os pares. É cada vez maior a participação de pesquisadores brasileiros nessas publicações passíveis de quantificação. Há no país, hoje, uma "massa crítica" de autores, com formação no exterior ou mesmo no país, que conhecem as "regras do jogo" dessas publicações e têm formação científica sólida.

    Comentaremos especificamente a nossa área de atuação, a neurologia clínica.

    Estima-se que haja no Brasil ao redor de 2,5 mil neurologistas, sendo que entre 5% e 10% destes podem receber a denominação de neurocientistas clínicos (em contrapartida aos neurocientistas básicos, que atuam em laboratórios ou fazem pesquisas experimentais), devido à sua expressiva produção científica em periódicos de bom impacto, reconhecidos internacionalmente.

    O reconhecimento internacional, através de convites para contribuições em reuniões internacionais, como revisores de importantes periódicos, assim como fazendo parte de grupos de liderança internacional nessas áreas do conhecimento, vem confirmar o nosso ponto de vista.

    Podemos citar produção científica brasileira significativa nas áreas de cefaléia, demências, distúrbios do movimento, doenças desmielinizantes, doenças neuromusculares, doenças infecciosas, doenças cérebro-vasculares, epilepsia e neuroimagem, entre outras.

    Atualmente, a rede de centros de excelência em pesquisas em neurologia permite ao jovem a formação em pós-graduação lato sensu e stricto sensu em muitas universidades com nível semelhante e até melhor que muitos centros de países desenvolvidos. O fator decisivo para alavancar ainda mais a pesquisa clínica em neurociência é o investimento nos laboratórios clínicos para fornecer a infra-estrutura necessária para a pesquisa de melhor nível e utilizar o potencial humano já disponível e formado.

     

     

    Luiz Alberto Bacheschi é presidente da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) e professor-associado da USP. Carlos A. M. Guerreiro é diretor científico da ABN e professor- associado da Unicamp