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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.56 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2004

     

     

    SITUAÇÃO DAS NEUROCIÊNCIAS NO BRASIL

     

    DISCIPLINAS BÁSICAS

    Dora Fix Ventura

     

    A área de neurociências tem sólida tradição em nosso país. A partir das décadas de 40 e 50 do século XX houve grande impulso a essa área com Aristides Pacheco Leão e Hiss Martins Ferreira estudando o fenômeno de depressão cortical alastrante na UFRJ, Carlos Diniz isolando e caracterizando o veneno de escorpião na UFMG, e Miguel Covian estabelecendo um grupo de pesquisa em eletrofisiologia do sistema nervoso na USP de Ribeirão Preto.

    Nos anos 60-70 outros grupos juntaram-se a estes: Carlos Eduardo Rocha Miranda e Eduardo Oswaldo Cruz fundaram seus laboratórios para o estudo do sistema visual na UFRJ; César Timo Iaria iniciou trabalhos no controle neural do metabolismo e em mecanismos de atenção e sono na USP; Elisaldo Araújo Carlini criou um grupo de psicofarmacologia na Escola Paulista de Medicina; e psicólogos experimentais e etólogos, em torno de Carolina Bori e Walter H. A. Cunha, começaram a trabalhar na USP e na UNB. Essas origens se refletem nos grupos de neurociências que existem hoje.

    Os principais grupos de neurociências representados no Brasil (ver tabela) dedicam-se a pesquisa sobre:

    • Memória em ser humano e em modelos animais no Centro de Memória do Departamento de Bioquímica da UFRGS, no Instituto de Biociências da USP, nos Departamentos de Psicobiologia e de Fisiologia da Unifesp, e no Departamento de Psicologia da USP de Ribeirão Preto. Estes grupos integram neuroquímica, fisiologia, farmacologia, neuroimagem e comportamento para estudar como animais adquirem, armazenam e recuperam informações.

    • Ansiedade e depressão, conduzida principalmente pelo grupo do Departamento de Psicobiologia da FFCLRP da USP de Ribeirão Preto focalizando o papel da serotonina na modulação das respostas de medo e ansiedade em modelos animais e no ser humano. Os trabalhos básicos do grupo constituíram referência para toda uma geração de drogas serotonérgicas. Com o mesmo tipo de metodologia, outros aspectos de ansiedade e estados emocionais, como a depressão, têm sido estudados pelo grupo do Departamento de Psicobiologia da Unifesp, na Unicamp e no Departamento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da USP. Outros aspectos da psicofarmacologia são estudados por grupos do Departamento de Farmacologia nas universidades federais do Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Norte e Santa Catarina.

    • Etologia, conduzida pelo Departamento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da USP, pela Unicamp, pelo Departamento de Zoologia da UFMG e pelo Departamento de Psicobiologia da UFRN.

    • Epilepsia, no Departamento de Neurologia da Unifesp, que resultou na criação de um novo modelo animal de crises epilépticas espontâneas recorrentes, agora amplamente utilizado em todo o mundo, posteriormente também no de Fisiologia da Unifesp, na FFCLRP da USP, no Departamento de Fisiologia da UFPR. Epilepsia é também estudada através de análise neuroetológica na FFCLRP da USP de Ribeirão Preto.

    • Sistema visual, incluindo aspectos morfológicos, neuroquímicos, eletrofisiológicos e psicofísicos, conta com um dos mais numerosos conjuntos de pesquisadores. Os estudos em desenvolvimento do sistema visual e eletrofisiologia e morfologia da visão em primatas, no Departamento de Neurobiologia do IBCCF da UFRJ, deram origem a outros grupos no CCB da UNB, nos Departamentos de Fisiologia da UFPA e de Neurobiologia da UFF. Um grupo de neuroquímica e neurobiologia celular da retina inclui pesquisadores do IBCCF da UFRJ, neuroimunologia da UFF, ICB da USP e fisiologia da UFPA. Outros aspectos do funcionamento do sistema visual são estudados no Departamento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da USP, nos Departamentos de Fisiologia e Histologia do ICB da USP, na Psicobiologia da FFCLRP da USP de Ribeirão Preto e na UFPE.

    • Organização funcional do sistema nervoso e sua plasticidade, desde o desenvolvimento, apoptose, regeneração e comportamentos, são tópicos de pesquisa de grupos muito produtivos no IBCCF da UFRJ, no ICB da USP, na FFCLRP da USP (Ribeirão Preto) e na UFPA.

    • Sono e cronobiologia são também áreas de pesquisa muito ativas no Brasil, com grupos na Unifesp, no ICB da USP (São Paulo) e na UFRN.

    • Doença mental (síndrome de pânico, esquizofrenia, depressão) e patologias neurodegenerativas são estudadas em protocolos de pacientes no Departamento de Psiquiatria da USP (São Paulo), que também utiliza modelos animais, nos Departamentos de Psiquiatria da Unifesp, de Farmacologia do ICB da USP (São Paulo) e da UERJ.

    • Engenharia biomédica e redes neurais, estudados por vários grupos no Instituto de Física, na Escola Politécnica e na Faculdade de Medicina da USP e no; Instituto de Física de São Carlos.

     

    Dora Fix Ventura é psicóloga do Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo(USP).