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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.56 n.2 São Paulo abr./jun. 2004

     

     

     

     

    CIDADES SAUDÁVEIS

    Condições ambientais e bem estar social são fatores que influenciam saúde da população

     

    Pela definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), município saudável é aquele que melhora, de modo contínuo, o seu meio ambiente físico e social utilizando todos os recursos de sua comunidade. Baseada nesse conceito, a OMS lançou, na década de 1980, a proposta Cidades Saudáveis. Transformada num movimento mundial, a proposta chegou à América Latina na década seguinte com o nome de Municípios e Comunidades Saudáveis, por meio da Organização Panamericana de Saúde (Opas), que integra a OMS. Embora ainda não exista nenhuma metodologia de avaliação com indicadores das mudanças ocorridas nas cidades após a aplicação das estratégias propostas pelo movimento, os resultados podem ser percebidos em cada região e as avaliações, por ora, são apenas descritivas.

    Rosilda Mendes, pesquisadora do Centro de Estudos, Pesquisas e Documentação em Cidades e Municípios Saudáveis (Cepedoc) da Universidade de São Paulo (USP), informa que a proposta da OMS surgiu a partir de um estudo canadense que verificou que, mesmo nos países ricos, grandes gastos em saúde não produzem necessariamente uma população mais saudável. "A OMS propôs, então, a promoção de saúde por meio de investimentos em qualidade de vida e melhoria do ambiente em que se vive", afirma Rosilda, que elaborou o primeiro estudo brasileiro sobre Cidades Saudáveis no seu doutorado em saúde pública, defendido em 2000. "A saúde expressa a qualidade de vida de uma população, um bem-estar da sociedade. Produzir saúde socialmente é gerar processos participativos e orientá-los", completa a autora.

    Inicialmente experimentada pela cidade de Toronto, a proposta da OMS expandiu-se para outras cidades do Canadá, da Europa e da Austrália. Só no continente europeu, mais de mil cidades em cerca de 80 países participam do movimento. Na América Latina, Cidades Saudáveis chegou na década de 1990 e já atingiu cerca de metade dos países, dentre eles, o Brasil.

    ETAPAS PARA TRANSFORMAÇÃO Para a OMS, um município se torna saudável quando seus líderes políticos, organizações locais e cidadãos comprometem-se e iniciam o processo de melhorar contínua e progressivamente as condições de saúde e a qualidade de vida dos habitantes do local. Assim, por meio de discussões entre a sociedade e os dirigentes, são criadas iniciativas sustentáveis e parcerias entre as cidades (o que é denominado de "rede de cidades"), além de políticas públicas visando a promoção de saúde em cada região.

    Cada cidade deve elaborar um projeto próprio, que irá complementar o sistema público de saúde, mas não substitui-lo. Cada plano de trabalho deve ter ações intersetoriais que incluam melhoria do meio ambiente (como qualidade do ar e saneamento básico, no caso das regiões urbanas); desenvolvimento de serviços de saúde nas áreas carentes e controle e prevenção de doenças específicas da região. "A OMS age como uma fonte de recursos técnicos e de informações, promovendo o uso de metodologias, de instrumentos e de capacitação para o desenvolvimento das propostas do movimento", explica Marylin Rice, consultora regional de municípios da Opas de Washington (EUA).

     

     

     

     

    O conceito "saudável" varia em cada cidade e depende das condições sociais, econômicas e até climáticas da região. No Peru, por exemplo, algumas cidades investiram na formação de um comitê de liderança para lidar com os efeitos causados pelo fenômeno El Niño, uma constante no país. Na Costa Rica, foram alcançados resultados positivos em relação à limpeza das cidades e aumento de coleta de lixo reciclável. Cuba investiu na conscientização para o consumo de alimentos saudáveis, objetivando diminuir o índice de baixo peso do país. Já a Colômbia tem investido em políticas públicas, como campanhas pela redução do consumo de álcool e contra o porte de armas, visando diminuir os altos índices de criminalidade do país, em especial na capital, Bogotá.

     

    Sabine Righetti