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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.56 no.2 São Paulo Apr./June 2004

     

     

     

    ESPORTE

    Ciência e tecnologia nos jogos olímpicos

     

    Na Grécia clássica, os esportes olímpicos surgiram como desdobramento da preparação para as guerras. Modalidades como corridas, arremesso de peso, saltos, entre outras, eram praticadas para simularem as condições dos campos de batalha. Nos tempos modernos, o esporte perdeu essa característica para associar-se à melhoria da saúde e do físico, socialização, diversão e, evidentemente, ao jogo e à competição. Na sociedade contemporânea, é este o aspecto mais marcante: as competições, onde centésimos de segundo separam a glória do fracasso no atletismo, nos jogos, nas disputas de tempo, pontuação, força e velocidade.

    Essa busca pelo aperfeiçoamento máximo, já presente nas primeiras olimpíadas de Atenas, em 1896, não cessou. Hoje, equipamentos e treinamentos avançam sobre seus limites, usando a tecnologia e a ciência onde o corpo humano já alcançou, aparentemente, o auge de sua performance física. Os atletas olímpicos são preparados para desafiar as restrições provenientes da gravidade, do tempo e da distância. Encontram suporte nas pesquisas aplicadas na área de fisiologia, medicina esportiva e através do avanço tecnológico das técnicas de treinamento e dos equipamentos. A ciência permite "construir" um atleta para ser recordista olímpico, maximizando suas potencialidades físicas por meio do profundo conhecimento da fisiologia do movimento. E quando o homem esportivo chega ao limite, com o corpo humano no máximo de sua capacidade, entra em campo a alta tecnologia dos equipamentos e dos materiais a seu serviço.

     

     

    Como na corrida espacial, também as olimpíadas servem para avaliar os avanços científicos que acabam por significar um progresso para a sociedade em geral. No intervalo de quatro anos, uma série de novidades tecnológicas na área esportiva sempre aparece. Para a coordenadora do Laboratório de Bioquímica do Exercício (Labex) da Unicamp, Denise Vaz de Macedo, o atual estágio do conhecimento científico esportivo permite prever uma série de novos caminhos para melhorar o desempenho do atleta e dos materiais que poderão auxiliá-lo. Segundo Denise, "há uma estratégia completa para melhorar a performance, que não se restringe a apenas controlar altura, peso e as capacidades motoras específicas de cada modalidade, mas também conhecer a prevenção dos processos lesivos decorrentes do excesso de treinamento". É com este aspecto das novas tecnologias que trabalha o Labex, utilizando análises bioquímicas específicas no sangue de atletas, o que permite ajustes momentâneos na intensidade do treinamento, com o objetivo de impedir a ocorrência de lesões mais graves induzidas pela superação dos limites individuais de esforço. Para a validação dessa nova técnica, realiza também testes específicos, que avaliam diferentes capacidades físicas, tais como resistência aeróbia, força e velocidade, além de monitorar o estado nutricional dos atletas envolvidos em suas pesquisas.

    A indústria esportiva norte-americana não pára de investir nesse atleta tecnológico, criando materiais como as bicicletas aerodinâmicas, tecidos que aceleram a evaporação do suor, um radar que detecta a velocidade da bola nas cortadas e saques do tênis de campo e do vôlei. Bicicletas, barcos e corredores de maratona utilizam, em provas de percurso, um chip que registra constantemente a posição dos competidores, repassando a informação a uma central que fornece os dados da prova a juízes e jornalistas. Feixes de luz medem cada etapa do salto triplo e dão o alcance real do salto em altura.

    Os atletas de alto nível, em geral, com bons patrocinadores, estão fisicamente muito bem preparados. Mas, atualmente, o fator decisivo na história das conquistas esportivas é a tecnologia decorrente das pesquisas das Ciências do Esporte.

     

    Vera Toledo Camargo