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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.56 no.2 São Paulo Apr./June 2004

     

    Pintura

    MONA LISA FAZ 500 ANOS

     

    O sorriso misterioso de Mona Lisa, popularizado em pôsteres, cartões, camisetas a partir do quadro de 77 por 53 cm, pintado pelo renascentista Leonardo da Vinci no século XVI, tornou-se um ícone da cultura ocidental e completa 500 anos, ainda cercado de especulações sobre a dama. O quadro está exposto no Museu do Louvre, em Paris, que deve inaugurar, até o final do ano, uma sala exclusiva de 200 m2 para abrigar a obra.

    Parte da fama e do mistério relacionados ao quadro estão ligados ao próprio artista. Leonardo era uma personalidade especial, entendia de ciências naturais, ótica, anatomia, engenharia, era músico e além de tudo carismático e belo, segundo os relatos da época.Os livros de história da arte concordam em dizer que a dama florentina pintada no quadro era Lisa Gherardini, esposa de um influente comerciante de Florença, Francesco di Bartolomeo di Zanoli de Gicondo. A obra é chamada por vários nomes: como Mona Lisa, o mais conhecido, uma composição de Madonna que é senhora em italiano, e Lisa; e La Gioconda ou La Joconde devido ao nome de seu marido.

    As especulações sobre a composição da obra são as mais variadas. Para alguns, Leonardo pintou a mulher ideal, ou a sua própria mãe; outros dizem que ela era sua amante ou de um de seus mecenas; os traços andróginos do rosto estimulam teorias de que por trás da identidade da Mona Lisa está um auto-retrato do pintor. Lillian Schwartz, pioneira em arte no computador e consultora do Bell Labs, demonstra essa teoria em seu livro The computer artist's handbook , usando computação gráfica para explicar essa idéia.Outra especulação é que Mona Lisa estaria grávida quando posou para o pintor: suas mãos levemente inchadas e o gesto de proteção do ventre típico de gestantes ajuda a teoria.

     

     

    Giorgio Vasari(1511-1574), um dos primeiros historiadores da arte, conta que Leonardo convidou músicos, bufões e palhaços na ocasião em que pintava La Gioconda. Não se sabe se foram chamados para divertir a dama que estava entediada e cansada de posar ou se serviriam para inspirar o artista no momento em que idealizava o sorriso misterioso.

     

     

    Leonardo desenvolveu uma nova maneira de pintar a partir de sua incessante busca pela representação perfeita e com o estudo da natureza e de seus fenômenos. Ele percebeu que não podíamos representar o mundo através de traços duros, porque eles não existem na vida real. Para ele, os contornos só serviam ao desenho, e diante dessas observações, criou o sfumato, palavra italiana que significa fumaça: o conceito é esfumaçar as cores, não utilizar linhas, fazendo a fusão das cores que se transformavam em formas diante dos olhos do espectador. Eram utilizadas várias camadas transparentes de cor, chamadas velaturas, até alcançar o efeito desejado. A forma deveria ser um pouco indefinida para que o observador procurasse defini-la com seus próprios olhos, o que atraía a curiosidade e criava a magia de sua pintura. Na Mona Lisa, essa técnica está presente, principalmente no rosto da dama. Os cantos de seus olhos e de seus lábios foram visivelmente trabalhados como fumaça.

    O pintor foi, também, um estudioso das proporções humanas. Usava a perspectiva em muitas de suas obras, mas nem sempre seguia rigorosamente as regras. Leonardo passou a usar um tipo de perspectiva chamada aérea ou atmosférica que dava ao fundo uma idéia melhor de distância. Para isso, quanto mais longe estivesse o objeto, mais claras e imprecisas seriam as pinceladas que ele usaria para defini-lo.

    Outra marca de Leonardo é deixar incompletas muitas de suas obras; a Mona Lisa demorou cerca de quatro anos para ficar pronta. A tela viajou com o pintor por muitas cidades, e permaneceu na corte francesa após sua morte. Em 1793, foi para o acervo do museu do Louvre e em 1911 foi roubada. O quadro reapareceu anos depois na Itália, pelas mãos de um pintor nacionalista que quis devolver a obra à sua pátria de origem. Foi este episódio que trouxe grande fama à Gioconda

     

    Ingrid Lemos