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    Ciência e Cultura

    versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.56 n.3 São Paulo jul./sep. 2004

     

     

     

    CARCINICULTURA

    Criação do camarão vannamei no litoral paulista

     

    A polêmica na região Nordeste, sobre o cultivo da espécie exótica de camarão Litopenaeus vannamei, conhecida como camarão branco do Pacífico, também está presente no Vale do Ribeira, região de preservação da Mata Atlântica. Em Cananéia, há 12 anos, um criador mantém tanques de carcinicultura na ilha do Aceiro Grande, uma área de manguezal dentro dos limites da Área de Proteção Ambiental Federal (APA) de Cananéia-Iguape-Peruíbe. A espécie, a mesma cultivada no Nordeste, é originária da costa sul-americana, do Peru ao México. A fácil adaptação ao meio e a alta produtividade são alguns fatores que incentivam a criação, aliados aos argumentos de gerar empregos e induzir o desenvolvimento do município, com um dos índices econômicos mais estagnados do estado.

    O camarão vannamei é usado em pescarias como isca-viva e bastante vendido aos turistas. O produtor Josef Siffert, que responde a vários processos no Ibama pela atividade, diz que vai sair do ramo devido às dificuldades que encontra em São Paulo, apesar da atividade gerar renda para a população local. Ocimar Bim, chefe da APA, diz que Siffert obteve licenciamento do Ibama para cultivar espécies nativas de camarão, mas a falta de estudos sobre o impacto ambiental ainda não permite que a atividade seja aprovada. Para a colônia de pescadores de Cananéia Z-9, a questão da lucratividade da espécie exótica também não está esclarecida. "Sabemos que a reprodução e criação desse camarão são rápidas, e que o seu tamanho é ideal para o comércio, porém não temos informações sobre custo-benefício, preço e demanda no mercado interno e externo", avalia Wagner Klimke, presidente da colônia.

    A alta produtividade do camarão vannamei é o principal atrativo para o seu cultivo. "O rendimento das espécies nativas é bastante inferior", justifica o criador de Cananéia. O melhor exemplo está no Nordeste, onde, nos últimos anos, os empresários da pesca têm investido pesado na carcinicultura. A produção anual cresceu a uma taxa de 50% e, no ano passado, foram exportadas aproximadamente 60 mil toneladas, um acréscimo de quase 70% sobre o volume de 2002, segundo a Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), totalizando US$ 240 milhões.

    PESQUISAS Se as vantagens parecem tentadoras aos investidores, pesquisa desenvolvida pelo Laboratório de Biotecnologia de Manguezais (Bioma), do Instituto Oceanográfico da USP, identifica diversos fatores ligados ao cultivo do vannamei no estuário que podem causar impacto ao manguezal. Em seu estudo sobre o tema, o pesquisador Clemente Coelho Júnior aponta a contaminação das águas pelos efluentes dos tanques, que podem apresentar hormônios, compostos químicos, resíduos alimentares e fertilizantes. Outro risco é a transmissão de doenças. Segundo o pesquisador, já foram descritas aproximadamente 35 enfermidades para o vannamei, entre vírus, bactérias, fungos e protozoários, que podem afetar as diferentes fases da vida do crustáceo.

     

    Sara Nanni