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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.56 no.3 São Paulo July/Sept. 2004

     

     

    UFRJ

    Pesquisa avalia o uso de células-tronco no combate ao AVC

     

    As pesquisas com células-tronco adultas no Brasil têm avançado significativamente em várias especialidades. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma equipe de pesquisadores liderados pela neurobiologista Rosalia Mendez-Otero trabalha com o uso de células-tronco no combate ao AVC (acidente vascular cerebral) isquêmico. Encerrada com sucesso a fase de testes com camundongos, a equipe aguarda agora o parecer da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para iniciar os testes com seres humanos.

    De acordo com Rosalia, a idéia é trabalhar, em uma primeira fase, com um grupo de 8 a 10 pacientes em fase aguda, mais precisamente no período de 3 a 5 dias após o AVC. O procedimento será obter células-tronco adultas da própria medula óssea do paciente e reintroduzí-las através da artéria cerebral média.

    A técnica de obtenção de células-tronco do próprio paciente representa um passo importante na pesquisa, pois evita a rejeição pelo próprio corpo. Além disso, espera-se obter resultados semelhantes aos obtidos em laboratório, para que essas células possam adquirir características dos neurônios e ajudar no processo de reconstituição de parte do cérebro atingido pelo acidente vascular cerebral.

    Rosalia alerta para o fato de que as pesquisas realizadas com células-tronco no Brasil são muito importantes no desenvolvimento de novos e eficientes tratamentos, porém, afirma que essas pesquisas encontram-se em estágios iniciais e não devem ser encaradas como tratamentos definitivos.

    "A nossa pesquisa visa diminuir as seqüelas resultantes do acidente vascular cerebral, o que será bastante importante na recuperação do paciente", conclui Rosalia.

    O trabalho realizado pela equipe de pesquisadores da UFRJ faz parte do Instituto do Milênio de Bioengenharia Tecidual, projeto financiado pelo CNPq. Além da UFRJ, participam as seguintes instituições: Fundação Oswaldo Cruz, da Bahia, que pesquisa o uso de células-tronco aplicada no mal de Chagas; USP de Ribeirão Preto, com o uso de células-tronco no combate a diabetes tipo 1; Hospital Pró-Cardíaco (RJ), com o uso de células-tronco no tratamento de doenças cardíacas; e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com o uso de células-tronco no tratamento de lesões medulares.

     

     

    USP-RIBEIRÃO PRETO

    Vacina gênica será testada contra o câncer

     

    Uma vacina contra câncer começa a ser testada em seres humanos. Um grupo de dezoito pacientes, com tumores na cabeça e pescoço, começaram a receber doses da vacina gênica para tratamento de câncer. Desenvolvida pelo bioquímico Célio Lopes Silva, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), a vacina, que foi concebida originalmente para o tratamento de pacientes com tuberculose, carrega uma carga de DNA, molécula responsável pela informação hereditária nas células. Os resultados obtidos em laboratório mostraram-se muito eficazes.

    Os testes com seres humanos, já aprovados pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa, estão sendo realizados no Hospital de Clínicas de São Paulo, sob a coordenação dos médicos Kald Ali Abdallah e Pedro Michaluart. Os voluntários que participam dos testes são portadores de tumores agressivos na região da cabeça e pescoço. São pacientes que já receberam todo tipo de tratamento conhecido contra sua doença, sem obter sucesso.

    ETAPAS DA PESQUISA O primeiro passo da pesquisa é verificar os níveis de toxicidade da vacina, as reações colaterais, e isso será realizado de acordo com as normas da Food Drugs Administration (FDA), agência norte-americana que controla a área de alimentos e fármacos. Será feito um acompanhamento dos pacientes com a realização de exames tomográficos a cada três meses. O que se espera observar, nesse período, é uma diminuição de tamanho dos tumores, o que comprovaria a eficácia da vacina.

    De acordo com o pesquisador, o objetivo da vacina contra o câncer é acionar dois tipos de linfócitos, o T CD8 e o T CD4, que são células atuantes na defesa do sistema imunológico. A vacina é aplicada diretamente no tumor fazendo com que o sistema imunológico reconheça aquelas células como um agente infeccioso e passe a combater, destruindo o tumor.

    A expectativa é que os primeiros resultados capazes de comprovar a eficiência da vacina sejam conhecidos dentro de seis meses. Porém, os resultados finais deverão levar pelo menos três anos.

     

     

    KING’S COLLEGE

    Britânicos usam células-tronco para criar dentes humanos

     

    Cada vez mais as células-tronco vão se tornando o principal foco das pesquisas ao redor do mundo. Na Inglaterra, cientistas do King’s College, de Londres, receberam um aporte de recursos equivalentes a R$ 2,6 milhões para desenvolver dentes humanos a partir do uso de células-tronco.

    Os cientistas acreditam que a viabilização desse procedimento tecnológico seria um passo importante na preservação da saúde bocal. Um dente vivo pode preservar a saúde dos tecidos adjacentes, de maneira muito mais eficaz que uma prótese.

    A técnica consiste em programar as células-tronco para que elas possam se transformar em dentes. Com esse procedimento realizado, essas células seriam tranferidas para a mandíbula do paciente, no local onde ficava o dente que foi perdido. Os responsáveis pela pesquisa estimam que o novo dente deve levar dois meses para estar completamente desenvolvido.

    O primeiro passo é iniciar os procedimentos de laboratório com camundongos e, de acordo com os cientistas, é provável que dentro de dois anos, caso os resultados de laboratório sejam satisfatórios, serão realizados testes com seres humanos. Para isso, o King’s College criou a companhia Odontis, que será a responsável pelo desenvolvimento do projeto.

    A justificativa para essa pesquisa é que, na Grã-Bretanha, pessoas com mais de 50 anos perdem, em média, 12 do total de 32 dentes.