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    Ciência e Cultura

    versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.56 n.3 São Paulo jul./sep. 2004

     

    Literatura

    PABLO NERUDA COMPLETARIA 100 ANOS

     

    O centenário do poeta Pablo Neruda, nascido Ricardo Eliecer Neftáli Basoalto, em 12 de julho de 1904, em Parral, no sul do Chile, será comemorado em vários cantos do planeta, incluindo o Brasil. Na verdade, os preparativos no Chile começaram há dois anos, com a criação de uma comissão para organizar a comemoração do centenário no nascimento do poeta em 2004 (www.centenariodepabloneruda.cl).

    O poeta Thiago de Mello, a convite do presidente chileno, Ricardo Lagos Escobar, é quem representa o Brasil no comitê internacional que organiza as homenagens à Neruda. Palestras, recitais e concertos estão programados em São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas. "Selecionei alguns poemas que estão musicados para uma apresentação da Filarmônica do Teatro Amazonas, em julho", disse Mello, que conheceu Neruda por intermédio de Jorge Amado nos anos 1960.

    Durante a ditadura militar no Brasil, Mello exilou-se no Chile e morou por cinco anos na casa do poeta, em Santiago. "Sempre me pedem que conte um pouco dessa longa convivência com Neruda, a quem sempre chamava de Paulinho. Ele foi um marco luminoso no caminho da minha vida. O poeta criava um ambiente mágico ao seu redor, nasceu com o dom da amizade e da alegria de viver. Viajamos por quase todo o Chile e demos recitais até para trabalhadores das minas de carvão", relembra Mello, que traduziu livros de Neruda e teve alguns de seus versos traduzidos pelo poeta chileno.

     

     

    BIOGRAFIA Para falar de Pablo Neruda talvez o caminho mais fácil fosse recorrer a uma das várias biografias existentes do poeta como, por exemplo, Gênio e figura de Pablo Neruda escrita por sua secretária Margarita Aguirre. O que se constata, porém, é que o melhor biógrafo do artista é sua poesia. Neruda não criou um mundo particular, um universo lírico apartado de sua vida como homem e como cidadão. Ao contrário, sua experiência reflete-se em sua obra, retratando interesses, alegrias, frustrações e lutas. É provável que isso explique a multiplicidade dos temas abordados por ele.

    Antônio Skármeta, autor de El postino de Neruda, obra que se popularizou com o filme O carteiro e o poeta, considera Neruda um poeta múltiplo, com fontes inesgotáveis de inspiração. "Temos o poeta de Residência na terra, mergulhado na angústia do erotismo obsessivo, do desenraizamento existencial e geográfico. Impossível esquecer o poeta do amor dos Vinte poemas de amor e uma canção desesperada onde cria um trabalho passional com a mulher que foi a musa terrena que inspirou seu canto. E por último, talvez o mais polêmico, está o poeta confrontacional de versos militantes, do homem comprometido, com ou sem razão. Na grande maioria dessas facetas, Neruda me parece um poeta genial", diz Skármeta.

    POESIA POLÍTICA O engajamento de Neruda na política internacional, e da América Latina em particular, e o posicionamento a favor do comunismo foram marcantes em sua obra. Para a historiadora Adriane Vidal, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a poesia nerudiana realiza, muitas vezes, um entrecruzamento entre história latino-americana e poesia. "Neruda foi, sem dúvida, um dos poetas mais expressivos do seu tempo. Sua figura e obra ultrapassaram as fronteiras do Chile. O poema épico-social Canto Geral é um dos exemplos da arte engajada de Neruda. É uma obra que evidencia a preocupação de buscar uma linguagem simples, com nuances pedagógicas e didáticas.

     

    Patrícia Mariuzzo