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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.56 no.3 São Paulo July/Sept. 2004

     

    Filosofia

    A REVOLUÇÃO PACÍFICA DE KANT

     

    Immanuel Kant é considerado um dos mais importantes filósofos do pensamento ocidental. Duzentos anos após sua morte, em 1804, suas obras continuam sendo pensadas como a expressão filosófica da modernidade. A partir de Kant, o homem torna-se o centro daquilo que pode ser conhecido, sendo a medida de todo o saber. Uma revolução no mundo do conhecimento que o próprio filósofo assemelha à "revolução copernicana", referindo-se à teoria de Copérnico (1473-1543), a partir da qual o Sol passa a ocupar o centro do universo, e não mais a Terra, concepção anterior sobre o lugar deste planeta no sistema gravitacional.

    Kant nasceu em Königsberg, em 22 de abril de 1724. Sem nunca ter deixado essa pequena cidade da Prússia, o filósofo alemão iniciou seus estudos no Colégio Fridericianum rumo à Universidade de Königsberg, na qual tornou-se professor catedrático depois da apresentação de sua Dissertação sobre a forma e os princípios do mundo sensível e do mundo inteligível, em 1770.

    "Na filosofia, a modernidade está inscrita na forma pela qual Kant analisa as condições de possibilidade dos três campos da cultura separados uns dos outros", afirma Ricardo Terra, filósofo da Universidade de São Paulo (USP). Isso é observado nas três principais obras kantianas: Crítica da razão pura (1781), no domínio do teórico, no âmbito do conhecimento, da ciência; Crítica da razão prática (1788), no plano da ação, dos costumes; e a Crítica da faculdade de julgar (1790), no âmbito do belo, da arte.

     

     

    MODERNIDADE Terra explica que essa noção de modernidade aplicada às obras de Kant está relacionada à caracterização da modernidade cultural, estabelecida pelo sociólogo alemão Max Weber. Na concepção weberiana, o processo de modernização da cultura ocorre com a quebra da articulação entre o saber, a ética, o direito e a arte, por um lado, em contraposição à teologia e à metafísica. "Antes desse processo, passava-se de uma esfera para outra sem sobressaltos. Por exemplo, a religião, de certa maneira, interferia nos domínios da ciência, da ética e da estética. Kant toma esses domínios como sendo independentes", diz o filósofo da USP.

     

    Alexandre Zarias