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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.56 no.3 São Paulo July/Sept. 2004

     

     

    REGIS BONVICINO

     

    AGONIA

     

    uma gaivota rente ao mar
    voa entre os barcos
    no pôr-do-sol
    toca

    asas na água
    sem o peixe
    voando em círculos
    perto da árvore

    em bando barcos parados
    a voz da gaivota,
    aguda, ecoa
    rumo ao mar

    fechado, mergulha
    imersa, agora, como ostra
    destroça o peixe
    entre as patas gaivotas a lua?

    na água que apagou
    nuvens sobre a montanha
    onde já é quase noite
    acima um céu azul ainda

    horizonte uma gaivota voa
    luz acesa da ponte
    silêncio íntimo da baía
    cor no entanto a onda

     

    O LIXO

     

    plásticos voando baixo
    cacos de uma garrafa
    pétalas
    sobre o asfalto

    aquilo
    que não mais
    se considera útil
    ou propício

    há um balde
    naquela lixeira
    está nos sacos
    jogados na esquina

    caixas de madeira
    está nos sacos
    ao lado da cabine
    telefônica

    o lixo está contido
    em outro saco
    restos de comida e cigarros
    no canteiro, sem a árvore,

    lixo consentido
    agora sob o viaduto
    onde se confunde
    com mendigos

     

     

    Régis Bonvicino é autor de vários livros de poesia, entre eles: Bicho papel (SP, Groove, 1975); Régis Hotel (SP, Groove, 1978); Sósia da cópia (SP, Max Limonad, 1983); Más companhias (SP, Olavobrás, 1987); 33 poemas (SP, Iluminuras, 1990); Outros poemas (SP, Iluminuras, 1993); Ossos de borboleta (SP, 34, 1996); Céu-eclipse (SP, 34, 1999); Remorso do cosmos (SP, Ateliê, 2003).