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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.56 n.4 São Paulo out./dez. 2004

     

     

    EDUCAÇÃO

    Uso indiscriminado de jornais e revistas em escolas

     

    Jornais e revistas entraram no cotidiano escolar nos últimos anos como forma de dinamizar as aulas e atualizar o conteúdo do material didático. Não existe, porém, uma discussão sistematizada do conteúdo das informações veiculadas por esses meios.

    Não se levam em conta o processo de produção e apuração das notícias, a sensacionalização e simplificação dos fatos assim como o critério de escolha das fontes jornalísticas e os interesses econômicos envolvidos na política dessas empresas.

    Além desse cenário acrítico de transmissão de conhecimento, não se elaborou ainda uma política específica de apropriação sistemática de tal material para uso pedagógico, por parte dos professores ou das escolas, aponta o pesquisador Juvenal Zanchetta Júnior, professor de metodologia de ensino da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Assis. Por falta de recursos disponíveis, tempo ou mesmo pela facilidade de obtenção, os professores acabam abordando, com freqüência, questões específicas da imprensa de maneira problemática, de forma simplificada, esquemática, o que estimula estratégias quase mecânicas e pouco reflexivas por parte dos alunos, diz Zanchetta.

    "A comparação de uma mesma notícia em três jornais diferentes seria um ótimo exercício de como uma história pode ser contada de diversas maneiras, mesmo tendo os mesmos ingredientes", diz o pesquisador, o que propiciaria uma discussão frutífera de outras questões como linguagem, estética, ética, entre outras.

    CONTEÚDO As matérias jornalísticas cumprem o papel positivo de atualizar conteúdos científicos, divulgando novas teorias e debates que os livros didáticos não conseguem acompanhar por não contarem com a mesma agilidade editorial.

    Zanchetta considera que essa é uma boa contribuição da imprensa, pois pode tornar o assunto mais atrativo e atualizado do que no livro didático. Persiste, no entanto, o risco de transmissão de informações incompletas, incorretas e até deturpadas, fruto de linha ou determinação editorial que, muitas vezes, pecam pelo sensacionalismo, pela ligeireza das matérias e pela apuração pouco cuidadosa e viciada pelas mesmas fontes acessíveis de informação."Até que ponto os jornais podem fazer essa divulgação sistematicamente? Como seriam, ainda, os processos de avaliação da pertinência desse material, sobretudo na escola?", questiona o pesquisador.

     

     

    Para Mariana Pezzo, pesquisadora em educação e diretora de comunicação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), os profissionais de jornalismo precisam entender sua atuação como potencialmente educativa e avaliar, sob essa perspectiva, a qualidade de seu trabalho. Mariana aponta a necessidade de uma atuação jornalística mais abrangente e profunda para a divulgação científica.

    Um trabalho que vá além do momento final da produção do conhecimento científico, contextualizando essa produção na história da ciência. O argumento de que existem limites na produção jornalística – tempo e espaço disponível, condições impróprias para o aprofundamento, entre outras – é refutado pela pesquisadora. "Acredito que, em longo prazo, textos jornalísticos mais abrangentes serão fatores determinantes para a atração ou não do leitor por uma publicação", conclui.

     

    Érica Speglich e Daniel Chiozzini