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Ciência e Cultura
versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660
Cienc. Cult. v.56 n.4 São Paulo oct./dic. 2004
ROÇA BARROCA
JOSELY VIANNA BAPTISTA
As almas são visíveis em forma de sombras. Da religião Guarani, via Schaden |
viu o primeiro sol
depois do inverno
desembrulhar, folho por
folho, os rebentos
em cada greta
e grumo
do terreno
foi descobrindo
grelos
e vergônteas,
ocelos verdes
e outros
arremedos
no alfobre
farto de bolor
e mofo,
sobre os sulcos
cheios
de refolhos
em cada covo
um eco de silêncio,
a própria sombra
um paroxismo
de roxos
ONDE O CÉU
ENCONTRA A TERRA
o breu devore à noite
o próprio rasto;
no solo ocre, de rojo,
o escuro escureça,
noite tão noite
que se dobre em dia
os charcos zoem
outra vez insetos;
virem os regos
de lodo
em que chafurdo
com o sol
pó púrpuro,
ou longos rolos
que o vento
eleva e enovela
a prumo o solo fusque
a si mesmo,
e a tarde entardeça
num crepúsculo
bojo de sombras,
lusco-fusco de névoas
(frutos apodrecendo
na gamela)
Josely Vianna Baptista, poeta e tradutora, é autora de Ar e corpografia (SP, Iluminuras, 1991/92, o segundo em colaboração com o artista Francisco Faria), Los poros floridos (México, Aldus, 2002), On the shining screen of the eyelids (San Francisco, Manifest Press, 2003) e Musa paradisíaca: antologia da página de cultura 1995-2000 (Mirabilia, 2004; colaboração de Francisco Faria; apresentação de Luis Dolhnikoff ). Os poemas aqui publicados integram seu livro inédito Moradas nômades, realizado com apoio da Bolsa Vitae de Artes.