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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.57 n.1 São Paulo jan./mar. 2005

     

     

     

    BARCELONA

    Novo museu reproduz habitats científicos

     

    Se Barcelona não fosse marcada pela arquitetura singular de Gaudí e pelos museus com as obras de Miró e Picasso, entre tantos outros, continuaria sendo o centro de efervescência cultural sintetizado no movimento das Ramblas — espécie de grande calçadão que liga a avenida próxima ao cais com o centro — que atrai enorme quantidade de pessoas, muitos turistas, de toda a Europa e de outros continentes. Em novembro passado, a capital catalã adicionou mais um endereço em seu roteiro privilegiado: o Museu de Ciência da Fundação La Caixa da Espanha, ampla área de 50 mil metros quadrados dedicados a aproximar a sociedade das questões científicas. Batizado de CosmoCaixa Barcelona, o museu foi montado num antigo prédio modernista, que sofreu obras de restauração e se expandiu pelo subterrâneo, numa solução criativa a cargo dos arquitetos Esteve e Robert Terradas.

    Múltiplas entradas de luz solar garantem claridade e a sensação de que se está à superfície, enquanto, lá fora, as pessoas caminham pelo teto do museu, com uma visão panorâmica das exposições que estão 27 metros abaixo de seus pés. A inclusão de diferentes cientistas, museólogos, educadores e arquitetos desde as primeiras discussões do projeto é um dos traços da nova concepção de museologia proposta pelo físico Jorge Wagensberg, há 12 anos à frente da instituição. Uma de suas marcas é a presença constante de objetos reais nas exposições, que estimulem o público a refletir, formular hipóteses, errar e chegar a algumas conclusões, numa representação da rotina científica.

     

     

    HABITATS ORIGINAIS Entre as exposições permanentes está a denominada Muro Geológico que agrega cortes rochosos com estruturas geológicas que podem ser encontradas em qualquer lugar do mundo. As pesadas peças, no entanto, foram trazidas de seus locais de origem por Wagensberg com o objetivo de mostrar movimentos e reações físico-químicas que podem ter durado centenas de milhões de anos. Uma delas é brasileira, retirada no interior de São Paulo. Outra área impressionante é a que reproduz um fragmento da floresta amazônica: ali convivem jacarés, capivaras, aves, peixes e primatas em uma atmosfera controlada por computadores para garantir as pancadas de chuvas e o típico calor úmido. O planejamento do espaço permite aos observadores uma visão que vai da copa das árvores ao fundo do rio.

    ESPAÇO PARA O DEBATE Para contemplar as variadas discussões que perpassam a ciência, o CosmoCaixa possui exposições temporárias como as atuais "Os Iguanos", que apresenta seis esqueletos de iguanodontes de Bernissart (Bélgica) — um dos grupos de dinossauros melhor conservados no mundo — além de "A Linha Vermelha": que expõe formas de obter madeira sem danificar a floresta, e pretende discutir a importância da sustentabilidade. Existem,ainda, espaços destinados ao debate de temas da atualidade e de interesse social, como o planetário e 11 auditórios.

    Para o diretor, embora o objetivo principal de centros e museus de ciências não seja a educação, ele defende que o mais importante é motivar os visitante a mudarem sua atitude em relação ao conhecimento científico. Uma das ambições do novo museu é tornar-se um centro de referência internacional. O primeiro passo nesse sentido foi dado em novembro passado, quando sediou o Congresso Anual do Ecsite — entidade que reúne museus, centros e institutos científicos de 25 países europeus.

     

    Germana Barata