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    Ciência e Cultura

    versión impresa ISSN 0009-6725versión On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.57 n.1 São Paulo ene./mar. 2005

     

    Literatura

    BICENTENÁRIO DE ANDERSEN

     

    Se muita gente não identifica de imediato o nome de Hans Christian Andersen, certamente lembra, até com certa nostalgia, do tempo em que seus sonhos eram embalados por histórias infantis como O patinho feio, O soldadinho de chumbo ou A pequena vendedora de fósforos. Essas e tantas outras que povoam o imaginário infantil por várias gerações foram escritas por Andersen, escritor e poeta dinamarquês nascido em 1805. O bicentenário do escritor vai ser comemorado em vários países, com atividades organizadas pelo governo da Dinamarca.

    Os contos infantis têm gerado estudos acadêmicos em diferentes áreas, devido ao seu valor literário, potencial educativo e importância na formação do imaginário infantil. Existe uma vasta literatura explicando e destacando a importância das fábulas, e uma das principais reflexões de referência sobre o tema foi escrita por Bruno Bethelheim, em A psicanálise dos contos de fadas.

    Contos infantis, como os de Perrault, dos Irmãos Grimm e, entre os "mais modernos", os de Andersen foram compostos e eram contados antes que a literatura infantil fosse assunto de escola. Eles se inscreviam em práticas de narração e de leitura comunitárias e familiares. Marisa Lajolo, docente em teoria literária do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp, considera que as histórias de Andersen são mais modernas porque a fantasia nelas é mais solta, mais articulada com a vida interior dos personagens. "Até hoje, qualquer um, de qualquer idade, pode ler – com encanto e arrebatamento – os contos de Andersen, o que me parece mais difícil de acontecer com as histórias de Perrault e dos Grimm", diz Marisa.

    Para a pesquisadora da Unesp, Ana Maria Costa Santos Menin, "os contos infantis integram o mundo narrado, onde se criam as fantasias que irão alimentar o imaginário da criança. Cumprem o papel, ainda, de incentivar o gosto pela leitura e para a arte. Esse é o sentido pedagógico da leitura escolar dos contos infantis", considera.

    A pesquisadora foi premiada na 9ª edição dos Prêmios Hans Christian Andersen em abril de 2004, na cidade de Odense, por sua dissertação O patinho feio, de H. C. Andersen: o "abrasileiramento" de um conto para crianças, e por trabalhar com a obra em suas aulas. "O patinho feio não é a história de um pato que se transformou em cisne; na verdade, é a descoberta de que ele sempre foi um cisne. A temática implícita no texto nos remete para a discussão da identidade", analisa Ana Maria Menin.

    EXTENSA OBRA Andersen escreveu 156 contos, além de canções, peças para teatro, poemas e livros de viagem ilustrados por ele. Sua obra chegou a todos os cantos de mundo e sua temática é considerada universal. Para organizar os eventos para o bicentenário de Andersen o governo dinamarquês criou a Fundação H.C. Andersen 2005 que elegeu "embaixadores" no mundo todo para ajudar nas homenagens e divulgação dos eventos. "Andersen foi no século XIX e continua sendo hoje o maior escritor de literatura infantil . Sua obra é permeada pelo estilo de um autor crítico, humorístico, mas, ao mesmo tempo, preocupado com questões sobre a essência do ser humano", diz Ana Maria.

    Entre os projetos em andamento está a inauguração do espaço museológico Hans Christian Andersen's Wonderful World na Dinamarca. Diversas publicações sobre a vida e obra do autor estão sendo selecionadas.

    O comitê de Embaixadores de Hans Christian Andersen 2005 é formado por personalidades conhecidas. No Brasil, o escolhido foi o ministro da Cultura, Gilberto Gil. Outras personalidades reconhecidas na América Latina – como a escritora chilena Isabel Allende – também receberam o título.

    "Como Lobato, Hans Christian Andersen foi um crítico social e um gênio literário de inquestionável valor artístico", enfatizou Ana Maria. Mais informações sobre as comemorações do bicentenário de Andersen podem ser obtidas no site www.hca2005.com.

     

    Márcia Tait