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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.57 n.2 São Paulo abr./jun. 2005

     

     

     

     

    ARQUEOLOGIA

    Pré-história brasileira no Museu do Xingó

     

    Descoberto em 1991, o Cemitério do Justino, com 188 esqueletos humanos com seus adornos e pertences usados em vida, foi o primeiro grande vestígio pré-histórico encontrado na região do baixo São Francisco, entre os estados de Alagoas e Sergipe. Era o primeiro sinal de que havia ali um verdadeiro tesouro arqueológico, que hoje compõe o acervo do Museu de Arqueologia de Xingó-MAX, da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

    Quando a pesquisadora Cleonice Vergner e sua equipe realizavam um trabalho de salvamento arqueológico solicitado à universidade pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), em 1988, ela não imaginava que encontraria tantos vestígios da pré-história brasileira anos depois. A pesquisa começou na região que seria alagada pela represa da hidrelétrica de Xingó, e depois prosseguiu por todas as áreas não alagadas.

    Há trabalho para pelo menos quatro gerações, considera Cleonice. Na margem do rio São Francisco, na região baixa, apenas dois sítios foram escavados dos 255 descobertos. Nesses sítios, conhecidos como Letreiros e Vale dos Mestres, estavam as peças, esqueletos e cerâmicas que hoje são conservadas e expostas no museu, em ambiente refrigerado e musicalizado, junto com mapas e miniaturas que representam como viviam aqueles povos da pré-história. A logomarca do MAX, o desenho de uma ave que lembra um urubu, também foi encontrada em sítios de arte rupestre, repetindo-se em três sítios diferentes. Entre platôs e terraços do rio, 41 sítios ficam a jusante da represa e 214 na foz.

    O museu tem uma equipe de 43 pessoas distribuídas no laboratório de pesquisas, em Xingó, e na estação central de Aracaju. As escavações são realizadas pela própria comunidade das cidades de Paulo Afonso, Canindé, Olho D'Água e Piranhas. "Somente o pessoal dos desenhos não era analfabeto. Ensinamos os outros a escavar e os alfabetizamos. Hoje, eles fazem supletivo, quatro deles já se formaram na graduação por nosso intermédio e uma se tornou mestre e trabalha conosco", conta a pesquisadora. "O projeto também teve uma preocupação social, integrando a comunidade. Hoje o museu sustenta 217 pessoas, entre funcionários e suas famílias".

    O Museu de Arqueologia de Xingó fica a 200 quilômetros da capital sergipana (quatro horas de ônibus) e já foi visitado por mais de 55 mil pessoas nesses quatro anos.

     

    Adriana Menezes