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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.57 no.2 São Paulo Apr./June 2005

     

     

     

    BIOLOGIA

    Ausência de proteína altera migração de células no embrião

     

    Pesquisadores do Laboratório de Biologia Molecular em Monterotondo, na Itália, descobriram que a proteína n-cofilina desempenha um papel importante na formação de embriões, em camundongos. A n-cofilina está bem descrita na literatura como uma das proteínas que se ligam às longas cadeias (polímeros) de actina (outra proteína), responsável pela manutenção da forma e da coesão entre células vizinhas. "A n-cofilina é expressa durante o desenvolvimento do embrião e desempenha um papel importante no processo", afirma a bióloga molecular Christine Gurniak, do grupo italiano.

    Como a formação de novos focos de câncer no organismo requer a migração de células malignas, a n-cofilina representa um alvo potencial em estratégias de combate ao crescimento e ao desenvolvimento de tumores. "Essa proteína age como um fator despolimerizante dos filamentos de actina, ou seja, remove monômeros de actina da extremidade ou às laterais do filamento", explica. Ela é detectável em quase todas as células de um animal adulto. Isso implica que uma droga baseada na cofilina poderia provocar efeitos colaterais em muitos tecidos e tipos celulares. "Seria necessário desenhar drogas de forma a serem liberadas especificamente em certas áreas do corpo. Por meio da genética de camundongos, estamos fazendo isso", conta Gurniak.

    O MOVIMENTO DAS CÉLULAS As células se movem reorganizando seu arcabouço de actina. Assim, a n-cofilina parece crucial para mecanismos celulares como a divisão e a migração. "Estudos bioquímicos detalhados foram realizados in vitro, mas a função biológica da n-cofilina só foi investigada até aqui em eucariotos inferiores, como amebas, leveduras e o verme Caenorhabditis elegans, e também em plantas", afirma Gurniak. A linhagem de camundongos utilizada apresenta uma deleção ('perda') do gene da n-cofilina, que foi introduzido por transgênese."Camundongos que apresentam essa mutação nos dois alelos não são viáveis, por isso tivemos de fazer o cruzamento entre pais heterozigotos, que carregam essa mutação em um único alelo cada um, de modo a gerar embriões homozigotos". Nesses embriões, a cabeça e a espinha deixam de se fundir adequadamente e no momento certo.

    Para que células migrem, é preciso que a longa cadeia de actina seja desmantelada – sob restrita regulação. Assim, elas podem, primeiro, mudar de forma e, segundo, migrar para outros sítios. Na ausência da n-cofilina, as duas extremidades ficam abertas, como numa folha de papel esticada. A equipe italiana vai continuar a pesquisa, dedicando-se à compreensão do citoesqueleto de actina.

     

    Flávia Natércia