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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.57 no.2 São Paulo Apr./June 2005

     

     

     

     

    LANÇAMENTO

    O colapso de civilizações: a crônica das tragédias anunciadas

     

    Depois de Armas, germes e aço — os destinos das sociedades humanas, Jared Diamond acaba de lançar Collapse — how societies choose to fail or succeed.

    Ornitólogo, fisiologista animal e geógrafo, ele volta a reunir o conhecimento acumulado em diversas disciplinas científicas para explicar por que algumas sociedades foram capazes de durar no tempo e no espaço, ao passo que outras falharam.

    Diamond recorre a diversos exemplos para mostrar que sucesso e fracasso não têm relação com a superioridade de uma sobre outra. Ou com o triunfo de uma natureza hostil sobre uma frágil humanidade.

    Como no livro anterior, em Colapso não há determinismo, genético, ambiental ou tecnológico. O ambiente importa, sim, e muito, mas importa mais a forma como os agrupamentos de seres humanos lidam com os recursos em seu entorno.

    Sobretudo quando percebem sinais de uma tragédia ecológica anunciada, o que fica destacado no subtítulo: faz-se uma escolha, que às vezes se revela fatal. A relação com o ambiente é alçada à condição de elemento-chave, comum a todos os exemplos interpretados, ocupando o topo 'lista de Diamond', que inclui ainda: mudanças climáticas como resfriamento ou seca; as relações com as populações vizinhas hostis; relações com vizinhos pacíficos (por exemplo, por meio de trocas comerciais); a resposta cultural da população frente aos problemas.

    Os polinésios, ao colonizarem a remota ilha de Páscoa, no Pacífico, por volta de 800 d.C., encontraram uma floresta tropical erigida sobre um ambiente frágil, seco; pelo menos seis espécies de aves terrestres; 37 espécies de aves marinhas. Mas a população cresceu até um tamanho estimado de 10 mil habitantes. Em 1600, árvores e aves se encontravam extintas. Sem as árvores, não podiam nem mesmo sair ao mar à cata de botos e atuns. Não havia a quem recorrer. Depois de esgotarem todos os recursos disponíveis, acabaram se devorando uns aos outros.

    Afora as lições do passado, o livro interessa também por tratar do presente — e, portanto, do futuro —, em que a globalização torna os problemas de uns, em problema de todos. Trata-se de crises ambientais, populacionais e políticas enfrentadas por diversos países: Haiti, Somália, Ruanda, Burundi, Iraque, Afeganistão, Paquistão, Nepal, Filipinas, Indonésia, Ilhas Salomão. E ainda da ação, "racional" mas inconseqüente, de companhias que exploram petróleo, mineração e madeira, bem como da maioria dos consumidores, que não se importa com a maneira como foram obtidos os produtos que compram.

     

    * A edição brasileira de Colapso está programada para fevereiro de 2006. Segundo a editora Record, Armas, germes e aço vendeu 12 mil exemplares no Brasil.

     

    Flávia Natércia