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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.57 n.2 São Paulo abr./jun. 2005

     

     

    TEATRO

    FÍSICA ENTRA EM CENA: GRUPO PREPARA REPERTÓRIO DE PEÇAS PARA MARATONA EM 2005

     

    Os temas são áridos e é preciso mais que coragem para enfrentá-los em um palco: é fundamental talento. Ambos os atributos – talento e coragem – parecem não faltar ao grupo de profissionais de teatro que se uniram em torno do projeto Arte e Ciência no Palco, a partir de 1998. Para 2005, ano internacional da física, eles se preparam para uma verdadeira maratona artística: a encenação da maior parte de seu repertório de peças com temáticas científicas, a partir de Einstein, Copenhagen, E agora, sr. Feynman e a infanto-juvenil 20 mil léguas submarinas, ufa!. O grupo estréia, ainda, a Dança do universo – texto que homenageia os grandes homens da física. Lembrando Hamlet – "que bela obra de arte é o homem" – o autor Oswaldo Mendes antecipa que estarão representados no palco Mário Schemberger, Kepler, Galileu, Newton, Einstein, entre outros personagens.

     

     

    Um dos idealizadores do projeto, o ator Carlos Palma, antecipa que a temporada inclui apresentações em diferentes localidades, como no Acre, no Rio de Janeiro, algumas cidades do interior paulista (como São José do Rio Preto e Campinas). Na verdade, o elenco se prepara para estar à disposição das comemorações acadêmicas, como o Simpósio Nacional de Ensino de Física, já realizado em janeiro deste ano, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) onde foram apresentadas as peças Einstein e Sr.Feymman, "com grande sucesso, principalmente pela empatia e proximidade do público com o tema", diz Palma.

    No monólogo Einstein, de autoria de Gabriel Emanuel, a ação se passa em 1949, ambientada na sala de trabalho do físico, onde ele faz uma reflexão de sua vida, enquanto se prepara para um jantar. Em tom confessional, Carlos Palma protagoniza uma deliciosa representação do físico já velho, cheio de manias, que se arrasta e tosse no palco enquanto despeja, com humor e sagacidade, tantas de suas teorias e lembranças.

     

     

    Em Copenhagen, texto original de Michael Frayn, Palma é o alemão Werner Heisenberg, um dos grandes da física quântica, que se encontra, em 1941, com o seu professor dinamarquês, Niels Bohr, outro físico referencial na descrição do comportamento dos átomos e dos núcleos atômicos, que é interpretado por Oswaldo Mendes. A visita de Heisenberg a seu velho mentor, em pleno nazismo e no desenvolvimento da bomba atômica é o elemento de tensão da peça. O roteiro baseia-se nos, apenas, dez minutos da conversa, jamais tornada pública, e cujo texto teatral acabou gerando forte impacto em todo mundo, na atualidade.

    O texto original de Peter Parnell – QED – sobre Richard Feymman, inspirou-se nos escritos do próprio físico e foi adaptado, no Brasil, por Oswaldo Mendes e Sylvio Zilber. Em E agora, sr. Feymman, Mendes protagoniza o pai da nanotecnologia com alegria e irreverência. A cena se passa no escritório do físico onde, enquanto se prepara para uma festa, dialoga com seus pensamentos. O físico é um dos responsáveis pelo desenvolvimento da teoria quântica e seu trabalho mais notável é a chamada QED - Eletrodinâmica Quântica, de 1947.

    A história Vinte mil léguas submarinas "é uma espécie de odisséia em direção do auto-conhecimento", nas palavras da diretora da peça Flávia Pucci. Adaptar a obra de Julio Verne para o palco foi um desafio de imaginação e criatividade, que acaba de ganhar prêmio pela cenografia da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). A saga do Capitão Nemo e de seu Nautilus é contada por meio de jogos e brincadeiras, que envolvem as crianças Clara e Jorginho. Como toda a obra de ficção científica de Verne, sem contra-indicações para qualquer idade.

     

    Wanda Jorge