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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.57 no.3 São Paulo July/Sept. 2005

     

     

     

    ORGÂNICOS

    Produção brasileira tem reconhecimento internacional

     

    Os produtores orgânicos brasileiros estão preparando-se para a BioFach América Latina, que vai acontecer no Rio de Janeiro em novembro próximo. Em fevereiro, 87 desses produtores de pequeno, médio e grande porte estiveram na BioFach de Nuremberg, conhecida como a maior feira de orgânicos do mundo. Na ocasião, o Brasil foi condecorado como país-tema do evento.

    Não foi por acaso que o Brasil recebeu esse reconhecimento. Um volume variado e crescente de produtos orgânicos – banana, café, milho, soja, gado, camarão, mamão, galinha, e muitos outros – tem invadido o mercado.

    "O Brasil ser país-tema é uma conquista muito grande. É a primeira vez que a condecoração é entregue a um país fora do primeiro mundo", afirma Gabriel Brennauer, da Câmara Brasil-Alemanha de Comércio.

    Na opinião dos expositores, a tendência é uma interação entre todas as categorias de produtores. "O mercado está aberto para todos os tamanhos de produtores, considera Marcello Brito, diretor comercial da Agropalma, empresa que tem parceiros de 10 a até 200 hectares. "Temos parceiros para a nossa produção convencional e para a orgânica, e um não impede o outro. Não é impossível conciliar pequeno com grande produtor, as parcerias ajudam os pequenos produtores a sobreviverem, como ocorre na Indonésia e Malásia", diz Brito.

    Para Brígida Salgado, integrante de uma cooperativa de 17 pequenos produtores orgânicos da Chapada Diamantina, também presente na Biofach, é possível conciliar os interesses. Ela acha que o pequeno, ao reciclar todos os insumos de sua propriedade, consegue muitas vantagens até mesmo com relação aos grandes produtores.

    "Entrei em contato, em Pernambuco, com duas realidades na região do São Francisco: conheci uma fazenda do Carrefour, imensa, com uma quantidade enorme de produção orgânica; e depois fui ver um sítio de pequeno produtor, que é referência na produção de goiabas orgânicas. Os dois projetos convivem na região, lado a lado", diz Brígida.

    Ela reconhece, porém, as dificuldades enfrentadas pelos pequenos produtores, como a falta de incentivo governamental. "O pequeno produtor, instalado em 5 a até 30 ha, está numa faixa de produção que está fora das políticas, dos programas de incentivo". Brígida acrescenta, ainda, que o processo de certificação tem um custo muito elevado para pequenos produtores.

    Segundo Rogério Pereira Dias, gerente executivo do Programa de Desenvolvimento da Agricultura Orgânica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o governo tem tomado medidas específicas nessa direção. "A agricultura orgânica pode ser uma ótima oportunidade para os pequenos proprietários, principalmente para a produção familiar. Isso também incentiva o associativismo e cooperativismo entre eles para viabilizar a comercialização e outras questões relacionadas à sua atividade", afirma.

    CERTIFICAÇÃO As queixas de Brígida sobre os custos para a certificação dos produtos orgânicos não é um problema específico do Brasil. Em Nuremberg, muitos pequenos produtores de outros países se queixavam do mesmo problema. É possível produzir organicamente sem o selo, mas o preço no mercado não será o mesmo. Além disso, os selos orgânicos são a garantia de entrada dos produtos orgânicos brasileiros no mercado europeu.

    Diversas certificadoras atuam no Brasil. Uma das principais é o IBD – Instituto Biodinâmico. "Hoje o IBD tem cerca de 350 mil ha certificados no país, e muitos projetos em andamento".

    Para Brígida, a produção orgânica brasileira está se desenvolvendo muito bem e tende a crescer cada vez mais.

     

    Juliana Schober Lima