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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.57 no.4 São Paulo Oct./Dec. 2005

     

     

     

     

    DIÁLOGO NO ESCURO

    Inversão de papéis para entender necessidades especiais

     

    Uma superfície rugosa para tocar, irregularidades sentidas na sola do pé, aromas de vegetação no ambiente, o som das folhagens e da água na ponta dos dedos. Todas essas sensações compõem a mostra Diálogo no escuro, que o público brasileiro pôde desfrutar durante a Expo Interativa de Ciência, que ocorreu no começo deste ano, no Rio de Janeiro. Nesse ambiente confortável, com um tranqüilizante canto dos pássaros, vozes de várias partes em segundo plano, os visitantes, auxiliados por uma bengala, são conduzidos por uma guia que os leva por uma floresta até chegar ao bar, onde podem saborear um café, tudo na mais completa escuridão.

    Criada há 17 anos na Alemanha, a exposição aguça os sentidos que normalmente desempenham papel coadjuvante em um mundo altamente visual, colocando o visitante numa situação de insegurança, orientado por monitores deficientes visuais, mas absolutamente à vontade na ausência da luz.

    "As pessoas não acreditam no que está ocorrendo; entram em contato com pessoas cegas, num mundo completamente novo. É toda uma mudança de perspectiva", explica com entusiasmo Andreas Heinecke, o idealizador do projeto. Quinze minutos na escuridão bastam para apagar as diferenças entre os indivíduos, enfatizar a importância da cooperação e valorizar cada um dos outros sentidos, agora essenciais para dimensionar o espaço e orientar o corpo.

    Antes de chegar no Brasil, o Diálogo no escuro esteve em 16 países e passará por outras cidades alemãs antes de retornar a Hamburgo, onde o projeto conseguiu, há cinco anos, firmar raízes e manter um espaço permanente. A exibição se adapta à cultura local, o que pode resultar num passeio pelo interior de uma mata no Rio de Janeiro, composta por mudas vivas de plantas, grama e folhas secas no chão, ou por um ambiente repleto de música regional, como foi o caso no México.

    Heinecke estima que mais de três milhões de pessoas já "dialogaram no escuro’’ e outros 3,5 mil deficientes visuais colaboraram para o projeto se concretizar. "Na exposição, muitos cegos e pessoas com visão parcial abrirão os olhos dos visitantes no escuro para mostrar-lhes que seu mundo não é mais pobre, apenas diferente" conclui Heinecke.

     

    Germana Barata