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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.57 no.4 São Paulo Oct./Dec. 2005

     

     

     

     

    UNIÃO EUROPÉIA

    Estratégia para impedir fuga de cérebros

     

    A evasão de cientistas formados em países do terceiro mundo, que emigram em busca de melhores condições de trabalho, também preocupa os governos das nações mais desenvolvidas. A perda desses cientistas, que representaram significativo investimento em sua formação, e personificam possibilidades de desenvolvimento social, econômico e tecnológico em países como o Brasil, por exemplo, hoje é um problema generalizado. Jean-Patrick Connerade, presidente da Euroscience (associação científica que reúne 29 países europeus), esteve em Fortaleza durante a última reunião da SBPC, e manifestou esse receio: "a Europa sofre com a fuga de cérebros para outros países, principalmente para os Estados Unidos, que abriga hoje pelo menos 400 mil pesquisadores originários dos países europeus". Connerade defende uma estratégia de ataque a esse cenário, uma espécie de "código de recrutamento", que torne a região atrativa para os jovens europeus e facilite a migração de cientistas dentro da própria União Européia (UE).

    ESTÍMULO À CARREIRA CIENTÍFICA Entre os principais entraves para atrair potenciais cientistas ao meio acadêmico estão os baixos valores das bolsas e o futuro incerto da carreira. "Os pesquisadores são considerados estudantes por um longo tempo, já em sua idade adulta; é preciso quebrar esse paradigma e tratá-los como profissionais", afirma Connerade. "Somos poucos pesquisadores e se não fizermos nada para mudar essa situação, seremos menos ainda", completa.

    O que o presidente da Euroscience considera "poucos" é um número grande frente à comunidade científica no Brasil. Enquanto a média de cientistas da Europa é de 2,5 por mil habitantes, a média brasileira não chega a 1 cientista por mil habitantes. A Suécia mantém a maior média européia, de 5 cientistas por mil habitantes.

    Outro desafio apontado por Connerade é aumentar o investimento do produto interno bruto (PIB) europeu em ciência e tecnologia para 3%, esperando-se que 2% desse total seja proveniente do setor privado. A experiência da Suécia, que investiu na área mais de 4% de seu PIB em 2003, mostra que são padrões viáveis para a região. No Brasil, o investimento em C&T gira em torno de 1% do PIB nacional e os esforços são para que se atinja os 2%.

    Outro ponto, que é igualmente polêmico na Europa e foi ressaltado por Connerade, é a separação entre pesquisa básica e pesquisa aplicada. Ele considera que a maior vocação para o desenvolvimento de pesquisa básica está na universidade, reservando-se ao setor privado a predominância de investimentos e produção na pesquisa aplicada. No Brasil, o discurso caminha mais ou menos na mesma direção, com incentivo ao incremento das relações universidade-empresa.

     

    Sabine Righetti