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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.58 n.1 São Paulo jan./mar. 2006

     

     

     

     

    BASE AMAZÔNICA

    Instituto Butantan vai instalar seu primeiro campus avançado fora da sede paulista

     

    O Instituto Butantan prepara a instalação de seu primeiro campus avançado fora da sede em São Paulo, em 104 anos de existência como o mais tradicional centro de pesquisas em cobras do país. Trata-se de um posto avançado na Amazônia, numa área de 64 hectares cedidas pela União no município de Belterra, próximo à Floresta Nacional do Tapajós, região de Santarém, no oeste do Pará. Otávio Mercadante, diretor do instituto, informa que o investimento na construção da sede é de cerca de R$ 9 milhões, dos quais cerca de R$ 500 mil viriam do Butantan, na forma da compra de equipamentos de pesquisa.

    A base avançada será criada em 2006, e permitirá aos pesquisadores do instituto acesso mais fácil à biodiversidade da região. Mercadante diz que dos quase 150 pesquisadores permanentes do Butantan, pelo menos um terço deles já manifestou a disposição em participar desse projeto. Serão eles os principais usuários das instalações, deslocando-se para a região para coleta de espécimes e dados. Na fase inicial, parte da análise ocorrerá no local e parte na capital paulista, onde a infra-estrutura de laboratórios é adequada.

    O objetivo é capacitar mão-de-obra local e criar uma pós-graduação na área de biodiversidade e biotecnologia. "Não pretendemos repetir experiências de projetos na selva sem inserção local e regional", alerta Mercadante. O projeto é um desdobramento de parcerias já existentes na região, com a Universidade Federal do Pará, Faculdades Integradas do Tapajós, Museu Goeldi e Inpa, além de trabalhos consistentes com ONGs presentes na região há pelo menos 17 anos.

    Até agora, a ida de pesquisadores do Butantan constitui-se, fundamentalmente, de expedições científicas de coletas. Com a criação de uma base permanente, será possível montar laboratórios de apoio à pesquisa, um museu semelhante ao de São Paulo, onde serão expostas as espécies típicas da fauna local, além de criar um centro de difusão cultural, educação ambiental e monitoramento. Mercadante acredita que se poderá contar com recursos de fundos internacionais interessados na pesquisa da biodiversidade, já que esse é um tema de interesse geral.

    Na origem do projeto está, ainda, a necessidade da presença de pesquisadores que já conhecem bem a região, para evitar problemas como o da polêmica biopirataria. A posição do Butantan é possibilitar a criação de um espaço de bioprospecção e ocupação da região pelo conhecimento.

    ANIMAIS PEÇONHENTOS A região de Santarém é uma das mais afetadas no país por acidentes por picadas de cobra, com cerca de 300 casos por ano. "Mais de 50% das internações na enfermaria do hospital municipal são vítimas de ataque por animais peçonhentos". O diretor do Butantan acrescenta que na região são encontrados os quatro grandes grupos de serpentes: surucucu, coral verdadeira, jararaca e cascavel. "É a única que tem os 4 grandes grupos juntos, com diferente variação de venenos para pesquisa e coleta, além de escorpiões e arraias, próprios da região", ressalta. Portanto, no aspecto médico também a presença consistente de pessoal do Butantan será de grande utilidade.

    ESTRATÉGIA No campo de pesquisa, duas estratégias devem nortear as atividades do campus avançado: a bioprospecção, para a coleta de espécimes desconhecidos ou pouco estudados; e o monitoramento mais próximo da biodiversidade e das espécies nativas, que sofrem pressão ambiental com o desmatamento decorrente do avanço da soja e da pecuária, além da biopirataria.

     

    Wanda Jorge