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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.58 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2006

     

     

    BO BARDI E REBOLO

    INSTITUTOS EM BUSCA DE RECURSOS

     

    Em 1951, Lina Bo Bardi, um dos grandes nomes da arquitetura brasileira, concluiu um sonho pessoal e também umas de suas grandes obras: a Casa de Vidro. Erguida em um terreno de 7 mil metros quadrados onde ainda existem remanescentes de Mata Atlântica, no bairro Morumbi em São Paulo, nessa casa ela viveu junto com o marido – o jornalista e crítico de arte Pietro Maria Bardi – até sua morte em 1992. Em 1995, seu marido doou a residência para que fosse transformada em sede do Instituto Lina Bo Bardi. Desde então, o imóvel permanece intacto – como bem tombado – mas ainda precisa de restauro e não possui estrutura adequada para abrigar o instituto.

    A falta de recursos para restauração é o principal obstáculo para que a Casa de Vidro se torne a sede do instituto, que funciona em sede provisória no mesmo terreno. "As intervenções serão as mais sutis possíveis, procurando não descaracterizar a Casa enquanto residência, mas adaptá-la para sua nova função de sede do Instituto" explica Mariana Falqueiro, da equipe do projeto.

    Em 2001, foi formulado um plano de restauro, com o levantamento das obras de arte da casa, das árvores da mata, além de um anteprojeto arquitetônico e aprovação da Lei Rouanet. "No momento, estamos à procura de patrocinadores", afirma Mariana.

    Como sede do instituto, a Casa de Vidro vai abrigar objetos culturais e artísticos que ajudem a contar a a história da arte e da arquitetura. Entre as atividades previstas para a casa, após o restauro, estão cursos, oficinas de arte, pesquisas, publicações, exposições. "Enfim, eventos sempre ligados a atividades culturais e artísticas, que mantenham viva a memória do legado deixado por este impressionante casal", completa Mariana.

    A ARTE DE REBOLO A falta de recursos igualmente compromete a preservação e disfusão da obra de Francisco Rebolo Gonçalves, importante pintor paulistano falecido em 1980. Rebolo integrou o pródigo Grupo Santa Helena junto a Volpi, Graciano e Manuel Martins, entre outros. Esses pintores se reuniam, durante a década de 1930, em salas alugadas do Palacete Santa Helena, ao lado da Catedral da Sé, em São Paulo.

    A idéia de criação do Instituto Rebolo partiu de sua filha, Lisbete Rebolo Gonçalves, doutora em museologia pela Universidade de São Paulo. Ela tem um projeto para construir a sede, pronto há mais de 2 anos, mas ainda sem recursos suficientes para viabilizar a obra. Inicialmente, pretendia-se restaurar a antiga casa do pintor no bairro Morumbi e transformá-la no museu, o que, devido à localização numa rua sem saída, foi considerado inadequado para funcionamento de atividades com público. Tais entraves evidenciam a dependência que a preservação da memória artística têm de uma política cultural mais efetiva e ainda inexistente no Brasil.

     

    Márcia Tait