Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660
Cienc. Cult. vol.58 no.2 São Paulo Apr./June 2006
RICARDO DOMENECK
SEGUNDA FAIXA 00:37*
Reconhecer a construção pelo espaço entre as pedras requer ser ao mesmo tempo pedreiro e arquiteto, não engenheiro. John Cage opera o acaso mas como o dia há a escolha. Há? Há. O que não há são palavras 0/Km. Por tanto: o muro resiste do lado de dentro da cidade sitiada ou o muro constringe do lado de fora da cidade sitiada. Tente manter-se puro, meu caro senhor, ausente e alheio como os resistentes do lado de fora, e acorde entre os colaboracionistas. Mas todo muro é um tanto confuso. |
QUINTA FAIXA 0:42**
Intercalar uma série de interrupções para melhor compreender o calendário dos meus dias. Sempre e todo dia começam com freqüência complementares e adversativos, para terminarem entre letreiros fechados, créditos, THE END, o gosto do final e a orquestra apontando a saída. Há quem leia prefácios, há quem leia posfácios. O que se espera da experiência é que ocorra antes de termos tempo de conectá-la com outra e dizer "ponto final" da dicção, na expectativa de atingir pelas divisões do dois o único, quando obtém-se este efeito pela divisão do mesmo pelo mesmo. |
Ricardo Domeneck nasceu em 1977, em Bebedouro (SP). É poeta, tradutor e DJ. Depois de alguns anos em São Paulo, vive hoje em Berlim (Alemanha) onde edita o fanzine HILDA e é o DJ residente da festa semanal Berlin Hilton. Publicou a coletânea Carta aos anfíbios (Rio de Janeiro: Editora Bem-Te-Vi, 2005).
*, ** Do livro Cadela sem logos