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    Ciência e Cultura

    Print version ISSN 0009-6725On-line version ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. vol.58 no.3 São Paulo July/Sept. 2006

     

     

     

    Inferno Verde, Pulmão do Mundo, Hiléia, Paraíso Verde, Eldorado são algumas designações e metáforas, entre tantas, com que a Amazônia é referida ao longo dos tempos, de acordo com as variações do humor ideológico de plantão.

    A Amazônia, tal como a bio e a sociodiversidade que lhe são constitutivas e, talvez, por isso mesmo, está enredada numa teia de dramas, conflitos, controvérsias que se multiplicam numa escala proporcional às pequenas e grandes ambições de que ela sempre foi alvo, desde sua conquista e posse, no decorrer dos séculos XVII e XVIII, pelos europeus.

    Quase metade do território brasileiro é coberto pela floresta tropical da bacia amazônica, em contraste com os apenas 10% de toda população nacional distribuída por sua imensidão. Quando chegaram os invasores europeus, a população indígena no Brasil, estimada em 5 milhões, tinha metade deles espalhados pela Amazônia, "cujos rios colossais", como escreve Darcy Ribeiro em O povo brasileiro, "abrigavam concentrações indígenas que pasmaram os primeiros navegantes". Hoje são menos de 200 mil na região.

    Um estudo desenvolvido pelo Ipea, cujo anúncio se fez recentemente pela mídia, estimou em cerca de 4 trilhões de dólares a riqueza potencial da diversidade biológica e mineral contida em nossas matas. A floresta amazônica, se a estimativa estiver correta, é, sem dúvida, responsável por grande parte desse valor, e é por isso que a região concentra tantos conflitos quantas são as soluções que para eles se propõem e tantas vezes se adiam.

    Inadiável, é claro, é a lembrança permanente de que ali se desenrola uma luta constante, às vezes anônima, outras notória e espetacular entre os homens e a natureza, entre a riqueza e as formas sociais de seu uso e apropriação, entre a sua apropriação e a consciência, cada vez mais dramática, de que é preciso aceitar-lhe, na sua diversidade social e biológica, a estranheza, renunciando, assim, ao projeto insano de sua total domesticação.

    É à Amazônia que está dedicado este número da revista, cujo Núcleo Temático foi coordenado pela professora Vera Maria Fonseca de Almeida-Val. Com a floresta o leitor encontrará ainda ciência, cultura, arte, literatura, prosa e poesia.

     

    CARLOS VOGT
    Editor chefe, julho de 2006