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    Ciência e Cultura

    versão impressa ISSN 0009-6725versão On-line ISSN 2317-6660

    Cienc. Cult. v.58 n.3 São Paulo jul./set. 2006

     

     

     

    SEM FRONTEIRAS

    Cultura amazônica ganha espaço de divulgação no som e na imagem do celular

     

    Há tempos não se ouve mais o toque tradicional do telefone. Com a explosão no uso de aparelhos de telefonia móvel, hoje artigo de primeira necessidade para muita gente, criou-se um mercado de sons exclusivos para individualização das chamadas. Alguns reproduzem trechos de hits de sucesso, vozes de pessoas ou animais, sem limites para a criatividade sonora. É nesse cenário que nasce o projeto Navegar Amazônia, uma parceria com a Cidade do Conhecimento da USP que acaba de lançar quatro toques e 20 papéis de parede para celulares com motivos culturais amazonenses, como forma de gerar renda para as comunidades ribeirinhas.

    Trechos de canções da Amazônia, um solo tocado com folhas ou a imitação de coaxos de sapos, além de fotos que incluem cerâmicas marajoaras, animais e danças já estão disponíveis na página http://www.cidade.usp.br por R$ 3 cada. Os novos produtos estão em harmonia com as expectativas do projeto de, através da tecnologia da informação e comunicação, divulgar o conhecimento de comunidades ribeirinhas da região.

    A idéia de inserir a cultura brasileira no celular nasceu do trabalho realizado pela Cidade do Conhecimento, desde 2003, com a comunidade da Praia da Pipa (RN). O resultado financeiro – o primeiro pagamento foi feito ao grupo do Mestre Geraldo, que teve trechos da dança Côco de Zambê gravadas – concretizou-se em abril último. A dança folclórica local tem origem nas cantigas de trabalho dos negros escravos da região que abriam os côcos colhidos com pedras lascadas.

    Para gerar o primeiro catálogo de conteúdo para celular do Navegar Amazônia, Jorge Bodanzky, um de seus idealizadores, convidou o pesquisador Gilson Schwartz, diretor do projeto da USP. A intenção é difundir a tecnologia em diferentes comunidades por todo o país, e gerar produtos exportáveis. "Queremos estimular essas iniciativas mas, para ganhar escala, precisa haver retorno para as operadoras", diz Schwartz.

     

     

    LÉVI -STRAUSS O primeiro passo em direção ao exterior foi dado em 2005, quando se entregou ao antropólogo Claude Lévi-Strauss um celular que toca um canto xavante produzido na Aldeia de São Pedro (MS), local em que ele realizou pesquisas na década de 1930. A Associação Comercial Brasileira na França deverá lançar em outubro próximo, em Paris, um catálogo completo com produtos que reproduzem a cultura nacional, feitos para celulares.

    O mercado de toques de celular representou um faturamento mundial próximo a US$ 5 bilhões em 2005; no Brasil, chega perto de R$ 250 milhões, receita gerada por mais de 87 milhões de usuários de celulares, segundo Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

     

    Germana Barata